Foi-se embora Patativa
Mas a lira ficou viva
Para não morrer jamais
Porque não morre o poeta
Que no céu foi fazer festa
Vivendo entre os imortais
Patativa do Assaré
Sertanejo cuja fé
Nos anima a viver mais
Patativa foi-se embora
E o Nordeste todo chora
A triste separação
Deste homem que viveu
Modesto como nasceu
No seu querido sertão
Ensinando ao nordestino
Que sofrer não é destino
Mas retrato da opressão.
Filho nativo da terra
Cantou belezas da serra
De Santana, Ceará
Encantando o brasileiro
Como exemplo timoneiro
Da cultura popular
Mas com a “triste partida”
Dói bastante a despedida
Que o retirante nos dá
Da vida não teve medo
Disse sem pedir segredo
Com sua fibra mestiça
“Caboclo cabra da peste”
Foi defensor do Nordeste
Sem vaidade ou cobiça
Buscou paz e liberdade
Para todos igualdade
Inspirado na Justiça
Pregando a reforma agrária
Viu que a luta é necessária
Proclamava sem cessar
“Que a santa verdade encerra
Os camponeses sem terra”
Jamais podem prosperar
Era a ideologia
Que pregava noite e dia
E aprendeu sem estudar
A fonte patativana
Da cultura é a chama
Para sempre flamejante
Motivo de cantorias
De cordéis e de poesias
Como faço neste instante
Com os meus versos singelos
Para quem tantos mais belos
Não mais fará doravante
Noventa e três de existência
Confirmando a resistência
Produziu a vida inteira
Tendo por musa o sertão
Que cantou de coração
Numa paixão verdadeira
Adeus, Patativa, adeus
Não choram somente os seus
Mas a Nação brasileira