O limão é muito azedo,
Mas tem sua utilidade
Matar a sede a vontade
Para ninguém é segredo
Tome um suco bem cedo
É só colocar docinho
E tomar bem geladinho
Guarde a casca pro suspiro
Nessa acidez que refiro
Seu pH é bonzinho.
Um sorriso amarelinho
Vai demonstrar a vergonha
Dessa pessoa risonha
Que embaralha o caminho
E pode azedar o vinho
E o vinho vira vinagre
Numa química de milagre
Vai temperar à salada
Nessa não se perde nada,
Quando a mistura se sagre.
Se o riso a careta flagre
Distorcendo a beleza
Tira à salada da mesa
E nova emoção deflagre
Só simpatia consagre
O azedo vai virar mel
Esse inferno vira céu
Novamente a mesa é posta
Do jeito que a gente gosta
Deixando o acre ao leu.
Devemos tirar o chapéu
É um modo de educação,
Mas só se tiver a intenção
E quer fazer bom papel
Não fazendo o mal de réu
O fogo pode queimar
Ou nosso frio tirar
Vai depender do seu uso
Se o modo não for confuso
Podemos aproveitar.
Se o alfenim vai chupar
Pra sentir a docilidade
Se o fel destila a maldade!
Com o bem vai se curar
Pra vida saborear
Sentir no doce a ternura
Amar qualquer criatura
Amarga é a provocação
Ela não é mole não,
Mas é doce à rapadura