Zé vaqueiro sonhador
Que vive o boi tangendo
Aboiando no sol quente
Até que vai se escondendo
Perseguindo as estrelas
Querendo um dia tê-las,
Pois por amor tá sofrendo.
Uma donzela querendo
Justo a filha do patrão
O seu canto tristemente
Ecoa pelo sertão
Na zabelê melodia
Sentindo a nostalgia
Sangrando seu coração.
Morre na desilusão
Pensamento delirante
Só o cavalo é confidente
Dos sonhos de ser amante
Da bela Maria da paz
Amor que não tem jamais
Nesse sofrer galopante.
Cabisbaixa no semblante
Soturno e ensimesmado
Dentro do gibão de couro
Coração despedaçado
Por um amor impossível
O olhar indescritível
Nesse amor triste e calado.
Zé vaqueiro apaixonado
Brincadeira do cupido
Somente flechou o Zé
Depois se fez de esquecido,
A Maria não flechou
Nela não surgiu amor
Só o vaqueiro foi atingido.
Com seu coração ferido
Vive cantando pra lua
Nas caatingas do céu
Zé vaqueiro se situa
Junta sonhos de luar
Para um dia entregar
Para a doce amada sua.
Como um monge ele atua
Guardando o seu segredo
Nos mandacarus da vida
Deixa o amor em degredo
Suspirando ao sol ardente
Na sua paixão inocente
Sentindo angustia e medo.