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Cordel-->BANDO 24 HORAS -- 16/09/2003 - 09:55 (Elpídio de Toledo) |
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Clic’ali,oh:==>> Deserto, miragem, camela e camelinho
Transanteontem, o segundo
sábado do mês corrente,
dia treze deste mundo,
fiquei duro realmente.
Isso é que é azar.
Precisava de dinheiro
pra uma conta pagar
e pro gasto corriqueiro.
Onde moro tem cabine
de banco, pra meu cartão.
Embora nada assine,
ele é a salvação.
Entrei e o enfiei
naquele equipamento,
sem perceber que errei,
pois não era o momento.
No vídeo, uma mensagem
de temporária parada.
No vidro, a sacanagem:
outra, bem etiquetada,
recomendava ligar
pra um número comprido,
quem quisesse reclamar,
por estar desprevenido.
O cartão ficou retido
e eu fiquei esperando...
Se ele for devolvido...
e fui me desesperando.
Um gaiato, já lá fora,
eu pensei em ajudar...
avisei-o, bem na hora,
pra seu cartão não botar.
E ele me animou,
emprestou-me a caneta,
e o número ditou,
nada me deu na veneta.
Fui ao telefone, perto,
e ele me ajudava.
Eu, querendo ser esperto,
dali mesmo eu falava.
Ana Cláudia atendeu
e conferiu os meus dados.
Bem normal se procedeu,
todos foram confirmados.
Pra cancelar o cartão,
você tem que segurar
o telefone na mão,
sua senha digitar
pra ela poder concluir
aquele cancelamento.
Mas tive que repetir,
em casa, noutro momento,
pois "telefone de rua,"
Ana Cláudia afirmou,
não confirma senha sua."
Lá de casa, cancelou.
Forneceu-me protocolo,
data e hora do fato,
e, assim, eu me controlo,
fiquei grato pelo ato.
Domingo, no restaurante,
com cheque conta saldei,
e fiquei bem radiante,
com meu Cruzeiro vibrei.
Segunda, me preparei
para ir até à Caixa,
e meu extrato tirei,
no qual havia a faixa
dos lançamentos do dia.
E, pra minha decepção,
fizeram grande folia
com a senha do cartão,
pois parte do meu salário
tinha sido creditada,
e, sentindo-me otário,
vi que foi toda usada.
Além disso, meu limite
do cheque especial,
também, foi no arrebite,
e me senti muito mal.
Cheguei logo na agência,
e procurei a gerente,
de tudo lhe dei ciência.
Ela é bem competente,
e logo me instruiu,
foi à Contabilidade,
e a tudo conferiu.
Viu que houve mais maldade.
Emitiram dois talões
de cheques com a tal senha.
Fez as recomendações,
antes que maior mal venha.
Minha conta bloqueou,
e leu o regulamento.
E, assim, solicitou
de mim o preenchimento,
de praxe, dos formulários
pros débitos contestar,
os cheques dos talonários
tive que denunciar.
De próprio punho narrei
os detalhes ocorridos,
de tudo quase lembrei,
e os números compridos
do telefone fajuto
do lixo recuperei,
até fui muito arguto,
pra lá de novo disquei.
E ninguém me atendeu.
Ao "éssepêcê" eu disse
tudo que me ocorreu,
atendeu-me nova misse,
que me pediu ocorrência
policial, carimbada,
pra poder ter mais valência
a coisa denunciada.
Fui à Seccional Sul,
recebido pelo Léo,
com seu blusão bem azul,
cara de anjo do céu.
Duas laudas preenchi,
narrando, mais uma vez,
o golpe que eu sofri,
bem no meio deste mês.
Tirei cópias, bem em frente,
e o Léo as carimbou,
e, assim, bem sorridente,
ao meu dispor se deixou.
Levei as cópias pra misse
e pra agência do Banco,
sem nenhuma bandalhice,
pra ver se tudo estanco.
Agora, é esperar.
Hoje, vou mudar a senha,
e, depois, eu vou rezar.
Nossa Senhora da Penha
vai poder me ajudar.
De Brasília, vão dizer
se posso recuperar
o que bem me pertencer.
Hoje, novos lançamentos
foram feitos na tal conta.
São os tais emolumentos
que a Caixa nos apronta.
É tarifa pra chuchu,
cai na conta de repente,
parece mais urubu
na carniça do cliente.
Dona Onça ficou brava
ao me ver compor cordel.
Por ela, até matava,
ninguém iria pro céu.
Mas, atinou pra um fato.
Minha conta é conjunta,
mas não lhe dou aparato,
como minha adjunta.
Da senha não tem ciência
e, gorando minha morte,
quer minha condescendência,
caso eu tenha tal sorte.
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