Quem dera ser uma fidalgo.
Um descendente do Rei.
Um parente bem distante...
Ouro, pedras preciosas...
Ou ter madeira de lei.
Meu traseiro nobre sentar...
Em moveis de jacarandá.
Meu corpo descansaria...
Numa cama bem quentinha...
Madeira é pau Brasil,
Só que não existe mais...
Existia mas, sumiu.
As charrete confortável...
Era para realeza...
De madeira bem potente...
Porcos víl e soberanos
Massa podre do Brasil.
Uma sala com cristal:
De mármore italiana...
Objetos de valor,
de um tempo que já passou...
Sentaria minha bunda...
Num pinico importado...
Respeitada eu seria...
Porque sou uma Fidalgo.
Esmeralda para os olhos...
Com a corda no pescoço...
Um chuveiro de brilhante...
E muito ouro no bolço.
Maldito imperialismo...
Gente fútil e imbecil,
Trouxeram suas famílias,
Trouxas e Tralhas para o Brasil.
Aqui nada se cria...
Quem chega fica feliz,
Quê tudo que era nosso
ignora e se apropria.
Todos fazem desta gente...
empregados de cozinha,
Chinês aqui é rei...
domina nossa gentinha,
No país deles não podem...
Ter os filhos que queriam...
Porém aqui podem tudo,
E nós engolimos sapos...
Trabalhamos para eles,
Como se fosse a terra deles.
Em nome de um acordo...
vem qualquer um para cá,
tiram a chance da gente...
Joga o povo na sarjeta,
catando lixo nas ruas...
Humilhados e desdentados,
Sem casa e educação...
Famílias dormem nas ruas,
Na maior humilhação.
Existe um tipo de raça...
Que não cumprimenta agente,
Não ajuda nem defende...
Só olha para seu lado,
Ficou rico nesta terra,
Nem cidadãos eles são,
Deste país tão querido...
A muito tempo vivem aqui...
Fugiram de um pré guerra,
Instalaram-se aqui...
Fugiram da miséria de lá,
e chegaram para cá.
Quem lá ficou está rico...
Quem de lá veio também,
E nós que aceitamos tudo...
Vejam só o que aconteceu,
Abraçamos esta gente...
A terra do sol nascente,
Não serviu para esta gente.
Um Nordeste miserável...
Vive dentro do Brasil,
Porém não é respeitado...
São escravos do poder,
Vivem morrendo de fome...
Nem mesmo sabem porque.
Quem não gosta disso tudo...
Que venham me bater.
Só que já bateram muito...
Humilhando nosso povo,
Tomando nosso lugar...
Desdenho e indiferenças...
Desconforto e desgosto.
Toda essa tolerância...
Um dia tem que acabar,
Chega de impunidade,
De falta de atenção...
Silvas, Santos, Costas e Maias...
Precisam se organizar,
Adquirir o respeito...
Merecido por direito.
Confundiu as descendências,
A mistura deste povo...
Que sem respeito ficou,
Estão sem indentidade...
Sem memória e sem pudor,
Autora: KaKá Ueno.
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