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 | Cordel-->CIDA, GERALDO E NONÔ -- 02/12/2003 - 14:11 (DANIEL CARRANO  ALBUQUERQUE)  | 
	
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Da janela, dia a dia
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
Viam a vida, viam a lida
 
Dos outros e o que restou
 
De uma época perdida
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Da janela não saiam
 
Viam gente, viam flor
 
Não falavam, só sorriam
 
Sem suspiros, sem a dor
 
Não cantavam, não gemiam
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Manhã cedo, lá estavam
 
Mal a lua se apagou
 
De olhos nos que passavam
 
De olhos no sonhador
 
Que não os via, pensavam
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Uma pausa pro almoço
 
Raro no interior
 
Da casa eles ficavam
 
De costas pro alvoroço 
 
Daqueles quartos estavam
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Viam o mundo, viam a flor
 
Não gozavam do perfume
 
Contentavam-se com a cor
 
Do colibri o bailado
 
Da cotovia o trinado
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Viram crimes, viram a dor
 
Viram gente sem amor
 
Sem fervores, sem ardor
 
Sem brigas, sem vencedor
 
Inertes, se entreolhavam
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Na janela eles ficavam
 
Imaginando o sabor
 
Daqueles que brindavam
 
A magia do amor
 
Que gostoso, eles pensavam
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Da vida que lhes passava
 
Eles não participaram
 
Somente lhes presenteava
 
Com cenários de um visor
 
Nos quadrantes da janela
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Tristeza, maldade e beleza
 
Alegria, sorriso e dor
 
Submissão e realeza
 
Paixão, discórdia e amor
 
Espetáculo na vitrine de
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Não havia indignação 
 
Nem sangue, nem carne ou nervos 
 
Que lhes moviam à ação
 
De tirar os cotovelos
 
Daquele torpe balcão
 
Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Não se vê mais os sorrisos
 
Pendurados na janela
 
Pois a morte já levou 
 
Mas, no céu há três estrelas 
 
Sorridentes que espreitam
 
São Cida, Geraldo e Nonô
 
 
Novembro de 2003
 
Daniel Carrano Albuquerque
 
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