Caro amigo Domingos
que quer ser comerciante
pra vender os meus cordéis
como cantar ambulante
tá querendo divulgar
essa arte invulgar
por achar tão importante.
Companheiro delirante
Na certa você bebeu
Pois quem viveu de cardel
Numa pobreza morreu
O que ganha é muito pouco
O povo tá muito mouco
Dessa arte já esqueceu.
Se quiser o cordel meu
Cê nem precisa pagar
Eu não sou comerciante
Dessa arte popular
Leve tudo gratuito
Eu digo e sempre repito
O meu cordel é pra dá.
Não me fale em comprar
Que não gosto de dinheiro
Sei que ele é necessário
Mas pra mim é corriqueiro
Prefiro uma grande amizade
Ter um amigo de verdade
Pobre, mas companheiro.
E nesse cordel ligeiro
Digo com sinceridade
Minha vida é muito simples
E com pouca qualidade,
Mas eu sou muito feliz
Com tudo que sempre quis
Vivo com tranqüilidade.
Tenho muita liberdade
De falar para você
Que sempre foi meu amigo
e sei que sempre vai ser
um amigo dedicado
que na arte tá focado
sem querer aparecer.
Amigo assim é bom ter
Melhor que dinheiro em banco
Sapato aperta demais
Prefiro usar tamanco
Pra divulgar para a massa
Eu dou meu cordel de graça
Do peito emoção arranco.