Quando não havia motel
Nesse pago missioneiro
O gaúcho galponeiro
Tinha surungo em bordel
Enchia a cara com “mel”
Para tomar a coragem
E aquela baita viagem
No lombo de um cavalo
Enchendo a bunda de calo
Sonhando com sacanagem
E pra chegar na bailanta
Entrava assim de mansinho
Num estilo “de fininho”
Bombeando uma percanta
A voz embarga a garganta
No sarandeio da china
E a linda morena anima
Um guasca galanteador
Buscando carinhos e amor
Na noite que se aproxima
E a china, pra onde leva
Esse gaúcho chinelão
Não tem pedaço de chão
Só um passado maleva
Vem chacoalhado de ceva
Bebendo as águas do rio
Nessas tardes de estio
Barranqueando alguma égua
Pois o taura se entrega
Nesse eqüino desafio
Na noite não tem senão
Com a morena faceira
Debaixo da cabeleira
De um salso-chorão
O gaúcho é o patrão
Com a morena lindaça
Pois nesse motel de graça
O vivente não faz rodeio
E rouba carinho alheio
Que a guria não rechaça