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Cordel-->Qual nau que chega ao cais -- 10/12/2003 - 13:17 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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Enquanto você não chega
ao momento atual,
a mente faz a derrega
do sofrer emocional,

e resíduos acumula,
de tudo que se passou.
A mente não os anula,
nem o que no corpo ficou;

tudo, desde a infância,
o que não compreendíamos,
por singela ignorância
do mundo em que nascíamos.

Todo esse sofrimento
cria campo negativo
de energia, nojento,
invisível, mas ativo,

que, por seu modo de ser,
deverá ser observado
para, assim, você poder
ter a verdade ao lado.

No seu corpo atacado,
o sofrer emocional
está sempre ativado,
ou, apenas, parcial.

Ativado, totalmente,
apossa-se de alguém
infeliz, profundamente,
e descanso nunca vem.

O resignado tolera
tal sofrer por toda vida;
fica sempre no "quem dera..."
suportando a ferida.

Outros passam por eventos
em família dolorosos,
ou amorosos intentos,
hematomas horrorosos,

sentem-se com aleijões
por perdas lá do passado,
por força das emoções,
sentir de abandonado.

Esses padrões do passado,
ligados ao sofrimento,
deixam a gente prostrado,
conforme cada evento.

O inativo sofrer
pode ser ativado
pelo que acontecer,
qualquer coisa ao seu lado.

Alguns sofreres irritam,
são até inofensivos,
como meninos que gritam,
ou de choros compulsivos.

Outros são monstros horrendos,
destrutivos, verdadeiros
demônios, estupendos
e terríveis justiceiros.

E atacam "hospedeiros"
e quem esteja por perto,
gerando novos herdeiros
de todo sentir incerto.

Tão negativos, destroem
ou pessoas adoecem,
e outras tanto corroem
que elas até falecem.

A faceta detestável
que notamos em alguém,
em nós é mais constatável,
se a observamos bem.

Preste melhor atenção,
se infeliz se sente:
é a sinalização
do sofrimento latente.


E qualquer sinal ruim
indica o despertar
do sofrimento sem fim,
que quer se manifestar.

Uma só irritação,
sinal de impaciência,
desejo de agressão,
de ferir com violência,

ou de criar um atrito,
uma ira incontida,
um deprimir inaudito,
é o ponto de partida.

O sofrimento deseja
em nós mais permanecer,
e qualquer coisa enseja
energia pra reter.

Sofrer de sofrer se nutre,
alegria nada vale,
pois faz mal a tal abutre,
e dela nem quer que fale.

Quando ele nos domina,
trabalha para querermos
descobrir a sua mina,
nos seus cantinhos mais ermos.

Vítimas ou seguidores
dele passamos a ser,
ora como agressores,
ora no próprio sofrer.

Em verdade, não difere,
quando incônscios estamos,
a mente é que prefere
programar como pensamos,

para mais continuar;
roda-viva do sofrer,
ora alguém atacar,
ora sentir-se gemer.

Se cônscios nós estivermos,
o padrão será desfeito,
se mais sofrimento não dermos,
nós secamos o seu leito.

O sofrer teme a consciência.
Na sua escuridão,
ego não quer evidência,
nem a iluminação.

Ele sobrevive bem
com nossa inconsciência,
medo que a gente tem
de tentar resiliência.

Se não direcionamos
luz da nossa consciência
sobre o que nós queixamos,
o sofrer tem revivência.

Embora monstro pareça,
o sofrer é muito frágil,
teme que se desvaneça
com nossa presença ágil.

Sofrer ilusão é,
a muitos ensinam isso.
Nisso você leva fé?
Isso requer compromisso.

Você quer sempre sofrer,
crendo que é ilusão?
E não quer nada fazer,
por não ter obrigação?

Vivenciar tal verdade
exige uma promessa:
torná-la realidade,
sem que nada nos impeça.

O sofrer não quer ser visto,
observado bem de frente.
O segredo está nisto:
focá-lo bem consciente.

Uma nova dimensão
surge dessa atitude,
pois a iluminação
é uma grande virtude.

A virtude da presença,
do testemunhar direto,
do observar tal doença,
nos põe no caminho reto.

O sofrer não pode mais
apossar-se de alguém,
como se os nossos ais
o eu interior têm.

Realimentá-lo, jamais!
Eis nossa força profunda,
Qual nau que chega ao cais,
o Agora poit"afunda.

Veja a seguir:==>>>Padrão negativo



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