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Cordel-->Lidamos com o que é. -- 13/12/2003 - 11:02 (Elpídio de Toledo) |
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Veja antes: Um bom ancoradouro
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Escolha o que convém.
No fogo não pôr a mão
não é do fogo ter medo,
mas, a certeza do são
de que isso não dá ledo.
Pra evitar um perigo
ter medo não é preciso.
Por quê buscar um castigo,
quando se tem muito siso?
Mas, se alguém lhe ameaça
com fogo ou agressão,
em seu corpo logo passa
do medo a sensação.
É reação instintiva
ao perigo iminente,
porém, não é conectiva
ao medo de um doente,
que sofre, em sua mente,
do medo imaginado,
falso, nada consistente,
suposto, de qualquer lado.
Vem em forma de agito,
preocupação, tensão,
ansiedade, aflito
pavor, fobia, fusão...
Tal psicológico medo,
de algo acontecer,
no mais tarde ou mais cedo,
quer o Agora vencer.
Estamos aqui, agora,
e nossas mentes, à frente,
pensam numa outra hora,
num momento diferente.
Tal situação só cria
um angustiado vão:
a mente assim porfia
por identificação.
Se vem a identidade
com tudo que há na mente,
lá se vai serenidade,
o Agora é ausente.
A angústia prepondera
e é nossa companhia,
abre a sua cratera
e acaba com o dia.
Lidamos com o que é,
nunca com o que será.
A projeção vem sem fé,
no futuro estará.
Quando só a mente somos,
é o ego quem nos rege,
com seus vulneráveis gomos
atua como herege.
Nascido da ilusão,
defende-se bem demais,
mas é frágil, um alçapão
pra pequenos animais,
que teme ser amassado.
Por estar sempre no meio
de um grande acampado,
faz da vida um receio.
E confia no seu taco
para nos mal informar.
É como um caicaco,
que não quer se conformar.
Sob ameaça constante,
passa pro corpo seu medo;
na emoção, vigorante,
faz do eu um arremedo.
O medo tem muitas veias —
tememos perder, falhar,
machucar, e outras peias —
mas a fonte basilar
de todos os medos são
o que o ego mais teme:
seu fim, dissolução,
a perda total do leme.
Para o ego, a morte
está sempre bem ali
na esquina e, consorte,
faz da vida um rali.
Se é a identidade
com a morte carregada,
tem-se a mentalidade
do medo dela lavrada.
O exemplo mais "normal"
é na mente se reter
um argumento cabal
pra querer alguém convencer,
que o seu é que é certo,
o outro está errado;
o medo não é aberto,
teme morte, disfarçado.
Se identificados
com atitude mental,
vemo-nos muito errados —
esse é o maior mal —
nosso eu interior,
baseado só na mente,
pra vida não dá valor,
o risco é iminente:
risco de se detonar.
Como o ego não erra,
você não pode errar,
errar a vida encerra.
Querer ter sempre razão,
de modo inconsciente,
é a grande compulsão,
violência evidente.
Desde que não estejamos
mais identificados
com a mente, constatamos
que estamos mais folgados,
pois ao eu interior
pouco importa saber
do verdadeiro sabor,
certo ou errado ser.
Compulsão desaparece
e você, então, declara
o que melhor lhe parece,
seja a questão mais rara.
O sentido do eu interno
passa a se emergir
de um lugar bem mais terno—
um verdadeiro agir —
Ele não vem mais da mente,
que só queria defesa,
defesa inconsciente
de uma falsa devesa.
Esse incônscio padrão,
testemunhado de frente,
sob total observação,
dilui-se rapidamente,
sob a luz da consciência,
untando as relações,
secando onipotência
e outras aberrações
de um soberbo poder —
uma força que disfarça
um total enfraquecer —
que a boa luz esgarça.
O verdadeiro poder
vem do seu interior
e dispõe-se ao querer
de quem é o seu senhor.
O medo é a constante
companhia da pessoa
que usa mente rompante
e perde poder à-toa.
Ela, desconectada
do verdadeiro poder,
não se percebe roubada
do eu profundo do Ser.
Em geral, a maioria
das pessoas pelo mundo
não goza da alegria
de chegar ao eu profundo.
Vivem sob eterno medo,
umas mais e outras menos.
Ele faz o seu enredo
e derrama seus venenos
com nomes os mais diversos:
pavor, ou ansiedade,
em que ficamos imersos,
ou ameaça, maldade.
Veja a seguir: Nada disso sou eu!
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