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Cordel-->A raiz mais rasteira -- 20/12/2003 - 23:43 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Veja antes: Nada disso sou eu!





Buscando profundamente
o seu interior,
não o procure na mente,
que é cheia de torpor.

Ela fala como guariba,
geme qual uma carroça
vazia, morro em riba.
Faça dela uma troça.

Você não tem que saber
sobre as atividades
de quem só lhe faz sofrer,
como fossem raridades.

E da mente nunca vem
solução conveniente
pra ela mesma, que tem
problemas, inconsciente.

Se você já aprendeu
que você mente não é,
o seu esforço já deu
pra compreender, ter fé.

Estudar a mente mais,
só se você vai ser
um profissional dos ais
e consultório vai ter.

Mas isso não levará
você pra além da mente.
E a ninguém curará
só estudando demente.

Já entendemos a base
da nossa inconsciência:
o agir qual camicase,
quando há aquiescência

para que o ego venha
exercer sua gerência,
com a sua falsa senha,
em lugar da consciência,

Falso eu interior,
substitui o eu profundo;
se permitido lhe for,
ele lhe faz moribundo.

Se caímos na besteira
de dar-lhe uvas maduras,
somos ramos de videira
cortados lá das alturas.

O ego é insaciável.
Vive carente, medroso,
por se sentir vulnerável,
ameaçado, nervoso.

Quando entendemos isso,
esse jeito anormal
da mente sem compromisso,
é mais do que natural

dispensar outros exames
das suas exibições,
dos mais diversos vexames
que ela põe em leilões.

Esse jeito anormal
com que a mente opera
não é questão pessoal
complexa, pra quem espera.

O ego adora isso:
a algo ter um apego,
quer ficar cheio de viço,
mesmo com desassossego,

fortalecer e manter
a si mesmo iludido,
acrescentar mais sofrer,
permanecer bem nutrido.

E o ego justifica
o sentido, que herdamos:
o "eu interior" fica
nos problemas que passamos.

E, quando isso ocorre,
o que menos desejamos
é nos livrar desse porre,
falso eu que adotamos.

Por isso, pode haver
um grande investimento
do ego que, sem perceber,
causa mágoa, sofrimento.

Assim, se a gente já tem
que a raiz mais rasteira
da inconsciência vem
da mente — dessa esteira

que vem nos obnubilar —
e, também, das emoções
que ela em nós gerar,
provocando convulsões,

damos um passo à frente
pra nos livrar do engano,
causado por essa mente,
reduzindo nosso dano.

Assim, presentes ficamos.
Quando estamos presentes,
todos nós já aceitamos
a mente com seus repentes,

sem nos deixar envolver
pelas suas artimanhas,
seu jeito de resolver,
suas maneiras tacanhas.

Ferramenta importante,
em si mesma valiosa,
a mente, mal operante,
causa maior rebordosa,

quando buscamos o eu
interior dentro dela,
e confundimos o seu,
falso, com a cidadela

que, realmente, preside
nossos melhores momentos,
iluminando a vide
que dá frutos nos eventos.

Leia, a seguir:===>>> Piranha voa?






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