As “primas” no Clube Sarrafo
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Na festa de fim de ano
Um encontro de clubistas
Naquela noite ametista
Não havia um vegetariano
Porque em cima dos panos
Um cardápio sem igual
Pois o índio é um bagual
Na arte de fazer assado
Uniu chimango e colorado
Diante dum chester magistral
A mesa era bonita e farta
E a cerveja rodando solta
Trazia no bojo e envolta
O gosto que ninguém aparta
E um sorriso de lagarta
Ao ver a loira em véu
Rogando ao azul do céu
Aquela Colônia* castanha
Entre a loira e a picanha
Prefiro os olhos de mel
A noite não teria fim
No encontro das horas
O sono se vai embora
E rastejo no meu latim
Amigo, sinto por mim
Bebendo o meu desencanto
Olhando pra todo canto
Nesse encontro de baguais
Havia homem demais
Debaixo daquele amianto
A surpresa no ambiente
Veio com o amigo dos bares
Que trouxe de outros lares
As beldades efervescentes
Liberando os inconscientes
De sonhos e devaneios
Olhando olhares alheios
E eram quatro formosuras
Agora ninguém segura
A farra dos meus anseios
Alguém falou em sorteio
Daquelas quatro beldades
Mas isso é uma barbaridade
Uma afronta que acho feio
Vamos ver no galanteio
Pois eu estou tri-afim
Misturo cerveja com gim
E àquela morena baldosa
Ofereço um diamante-rosa
E quero inteira pra mim
Quatro percantas no cio
Duas loiras e duas morenas
Quatro metros de melenas
Saudadas por assobios
Dignas de um senhorio
E foi então que parti
Faceiro como um guri
Rumo ao meu desabafo
Quero outra festa no Sarrafo
Com as “primas” do amigo Chi.