Juro que me apaixonei
Quando vi a criatura,
Era tanta formosura
Que eu quase desmaiei.
Só depois recuperei
O sentido e a razão,
Mas deixei meu coração
Como refém de Estela,
Toda vez que "vejo ela"
Aumenta a minha paixão.
Não encontro uma maneira
Pra livrar-me desse amor,
Já fui a um benzedor,
Passei na catimbozeira,
Andei a semana inteira
Procurando a solução,
Disse um cigano: - Ganjão,
Você é gamado nela!
Toda vez que "vejo ela"
Aumenta a minha paixão.
Uma vizinha me viu
Pela rua abobalhado
Com pena do meu estado
Um remédio sugeriu.
Ela mesma conseguiu
Folha de arruda e limão,
Cozinhou num caldeirão,
Me serviu numa tigela,
Toda vez que "vejo ela"
Aumenta a minha paixão.
Esta fêmea cobiçada
Dos olhos da cor das matas,
É musa das serenatas,
Meu anjo da madrugada.
Se dou uma dedilhada
No parceiro violão,
Parece que o bordão
Chama pelo nome dela,
Toda vez que "vejo ela"
Aumenta a minha paixão.
Estou sempre alimentando
Esta paixão tão ardente,
Pois só me sinto contente
Quando nela estou pensando.
A mente vive guardando
Aquela linda feição,
Sou o colibri ladrão
Rondando a rosa amarela,
Toda vez que "vejo ela"
Aumenta a minha paixão.
Ela é tudo que almejo
Na minha vida amorosa
E sua face mimosa
É o alvo do meu beijo.
Sei que o meu maior desejo
É pedir a sua mão,
Selando a nossa união
Numa bonita capela,
Toda vez que "vejo ela"
Aumenta a minha paixão.
Mote: GRAÚNA DO NORTE.
Glosas: Wellington Vicente.