Lá de dentro, de suas tripas,
Um urro, um brado, uma algazarra,
Um verme quer te tragar.
Eu, verme, lombriga, escondido,
Arrasto-me pela vida até a saída,
E a saída é também a morte,
Na latrina, depois do cu.
Cu, portal da transcendência,
Indescência que excrementa vidas.
Dessas tripas, feitas útero,
Muitas vidas são arremetidas
Para o nada, e uma carnificina,
Uma lombrificina se desenrola.
Lombrigocídio.
Lá de fora das barrigas oblongas,
Uma vida obtusa me desconhece
Até o resultado do exame de fezes.
A decisão está tomada, não tem volta,
A pena de morte decretada,
A lombriga excretada,
Inteira ou aos pedaços, que terrível,
Meus filhos larvais, lá vão eles
Para o grande mar redemoinho - latrina.
A vida é uma merda!
A merda é uma vida!
Sou porta-voz dos que te habitam,
Sou a voz que vem de teu rabo
Para te conscientizar da coisa toda:
Um dia nóis te come.