Nada é definitivo
A lógica não é teoria
O carismático afirmativo
Não entende de ecologia
O teólogo não é cativo
Da bombástica simpatia.
O que é lógica para um
Para outro é esquisito
Tem gente que bebe rum
Se eu beber só vomito
O Peixe cobra é muçum
Filho de cabra é cabrito.
O ovo do Pato some
Fica meio escondido
Do ganso eu sei quem come
Na França é aperitivo
Quem um dia passou fome
Come de qualquer ser vivo.
Triste daquele animal
Que por outro é devorado
Na natureza é normal
Azar daquele caçado
Aquilo que é natural
Pode até ser pecado.
Quem na vida tem complexo
Por se achar anormal
Nas coisas que não tem nexo
Achando tudo ilegal
As preferências do sexo
É uma coisa pessoal.
Vejam as comparações
Que o filho do corno escuta
Se tiver uma compensação
Seu pai chifrudo desfruta
Além do pai ser um cornão
Ainda é um filho da puta.
Se tiver a mãe na zona
E o pai desconhecido
Não ouça música cafona
Ou vai chorar escondido
Na mágoa não de carona
Ou vai ser um cara perdido
Ser filho de uma piranha
Não é tão mal pode crer
Com seu trabalho ela ganha
Dinheiro para comer
Às vezes da vida apanha
Na maior parte é lazer.
Cavalo não sobe escada
Um dia disse Ibrahim
Dom Pedro puxou a espada
Deu a independência enfim
Tem mulher dama que é fada
E tem fada que é ruim.
Existem muitas peruas
Parecem mais com pavão
Seus filhos estão nas ruas
Tem piruzinhos de montão
Não é um desonra tua
Passas por essa aflição.
O gosto não se discute
Suspeita não se levanta
Nem que more em Beirute
Filho de tapir é anta
Por mais que na vida lute
Sua mãe não vai ser santa.
Pior do que ter pai burro
É ser filho dum corninho
No prego nunca de murro
Só porque é um burrinho
Lingüiça não é um churro
Nem caviar é toucinho.
Na vida tudo se aproveita
A ciência tem seu brilho
Sua mãe chama proveta
E dela você é filho
O seu pai chama punheta
E a lógica entra no trilho.
