Ninguém conhece o feitio,
nem o formato do grão
desse sublime embrião,
que eu tanto cultivo e crio,
faço da mente um baixio
já pronto para plantar,
aí começo a pensar,
brotam frutos de repente.
A POESIA é semente
que nasce em qualquer lugar.
Engrandece qualquer mote,
se amolda em qualquer local,
de um palácio imperial
às quebradas de um serrote,
no sermão de um sacerdote,
quando prega no altar,
no ébrio dentro do bar
saboreando aguardente.
A POESIA é semente
que nasce em qualquer lugar.
O semeador Apolo
encontrou cérebro fecundo
em qualquer lugar do mundo
sem preferência de solo;
uma criança de colo
pode ser um exemplar
de quem veio a cultuar
essa divina vertente.
A POESIA é semente
que nasce em qualquer lugar.
Está no mar e na terra,
ao dispor de qualquer classe,
e quando o poeta nasce,
essa porta se descerra,
qual um mineiro na serra,
que começa a garimpar,
produzir e burilar
a jóia da sua mente.
A POESIA é semente
que nasce em qualquer lugar.