O AI-5 voltou
Como há trinta e cinco anos;
Foi na calada da noite
Que ele inseriu os seus danos.
Neste ensejo, a vitrina
Foi uma tal de usina:
Enzima de tetros planos.
A gana da avareza
O ato instituiu.
A Arte rendeu-se à força,
O livre palco ruiu;
A seiva da ditadura
Fortaleceu a censura
E a clausura floriu...
Quem não pagou, já partiu;
Quem ficou, pagou pra ver;
Que não pagou, assistiu
À fúria do vil poder.
Ninguém esquece o ingrato.
E as marcas daquele ato
Logo vamos esquecer.
Atos institucionais
De autoritários refrões
Sucumbem mil ideais
E desmantelam canções.
Com estas aleivosias,
A Arte viu os seus dias
Maculados com cifrões...
Um foi 13 de dezembro,
Trinta e cinc’anos atrás;
Era o ano meia oito,
A época dos Festivais;
Nesta data, com afinco,
1, 2, 3, 4... AI-5!...
A dor atracava o cais.
Outro, dia 27
Deste setembro atual.
Aquele de meia oito
Foi obra dum general,
Que maculou a aurora...
E este que cito agora
Foi obra dum tal de Wal.
Era 13 de dezembro:
Trinta e cinc’anos atrás.
Era dia 27
Deste setembro: punhais,
AI-5... 3, 2, 1!
É bom fechar este zoom:
Ditadura Nunca Mais!
RUBENIO MARCELO
(Da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras)
rubmarcelo@bol.com.br