Se um génio aparecesse
Entre o fumo dos almejos
A oferecer três desejos
Que eu porventura escolhesse
Sem que nada mais cedesse
Depois da consumação
Do que em lúcida razão
Então lhe solicitasse
Quiçá ainda experimentasse
Do futuro a promissão
Dada a enorme evolução
Das técnicas da ciência
Rogaria a paciência
De um sábio cirurgião
Para a implantação
De um tubo eficiente
Que do ânus ascendente
Se me ligasse à garganta
Pondo comida e trampa
Em reciclo permanente
Pediria sequente
Transfusão de sangue em curso
De tartaruga e de urso
Pelo motivo evidente
Que o siso eloquente
Reconheçe à ambição
Que permite a solução
Do anseio dos humanos:
Viver quatrocentos anos
E dormir até mais não
Por fim em conclusão
Do derradeiro desejo
Não perderia o ensejo
De uma outra operação
Pois do burro em extinção
Um membro adoptaria
Para com tal enxertia
Lograr enfim a princesa
Que amaria concerteza
Tão dotada artilharia
Como de urso restaria
Do pouquíssimo cabelo
Nasceria farto pêlo
A que bom trato daria
Na velha barbearia
Do meu amigo Moreira
Que à clássica maneira
Me escovaria em beleza
Pra eu amar a princesa
Durante uma vida inteira
