O casamento gaúcho
É belo barbaridade,
Seja onde quer que for,
No rincão ou na cidade,
O baile é no galpão,
Ao som de gaita e violão
E comilança à vontade.
Meu casório, na verdade,
Foi um pouco diferente,
Se bem que não sou gaúcho,
Mas gosto daquela gente;
Embora a longa distância,
Conheci lá numa estância
Quem me prendeu de repente.
Eu tive que simplesmente
Botar a mão na garrucha,
Encher os bolsos de balas
Com um reforço de bucha;
De noite fui à fazenda
Namorar a bela prenda
Parecida com a Xuxa.
A linda loira gaúcha
Eu roubei de madrugada,
Montou em minha garupa
Saímos cortando estrada,
Chegamos numa capela
Lá beijei a boca dela,
Depois descemos a escada.
O pai dela com a espada
Marchou atrás de nós dois
Com os capangas comprados
Pelo feijão com arroz;
Eu e ela percebemos,
Um no outro o beijo demos,
Ficou tudo pra depois.
Pela estrada vinham bois,
Vacas e a bezerrada,
Davam coices e chifravam
Os barrancos da estrada;
Guapo tocava o berrante
E o gado seguia adiante
Numa marcha troteada.
Chegamos à encruzilhada,
A boiada vindo atrás,
Com a moça entrei na mata
Para pensar e ter paz;
Um pecado nós dois temos
Pois sobre a grama fizemos
O que na cama se faz.
Dizem que o Satanás
Vive tentando a gente,
Eu e ela prometemos
O amor reciprocamente:
Ninguém irá desfazer
Aquilo que Deus quiser
Para nós eternamente.
Eu guardo sempre na mente
Primeiro beijo que dei
Na linda prenda gaúcha,
Bela filha de um rei
Que jurou a minha morte,
Mas eu tive a melhor sorte,
Abraçando-a herdei.
Dei-lhe carinho e errei,
Bem por isso acredito
Que as mulheres são iguais
E não lhes importa o grito
De quem lhe jura amor,
Em qualquer lugar que for,
Seja Bento ou Benedito.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
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