CARTA DA AMIGA DROGA
O tema desse cordel
Está bastante em voga
Enfrentado com remédio
Terapia, feitiço, Ioga
Oração, internação,
Estou falando de DROGA!
É difícil uma família
Pra não já ter enfrentado
Essa problemática séria
Com um membro viciado
Prevenir é o remédio
Exclusão, remédio errado!
Abandoná-lo à sorte
Não faz efeito ou sentido
Se não preveniu direito
O caminho a ser seguido
É tratá-lo, acolhê-lo,
Pra não vê-lo mais perdido.
Assim sendo, eu proponho,
Essa história rimada,
Para a pessoa que ler
Ser totalmente informada
Do estrago que a DROGA,
Produz ao ser injetada.
Vou transcrever uma carta
Dizendo como evitá-la
Foi a DROGA quem a fez
Para depois não culpá-la
Pelos males que ela causa
A quem insiste em usá-la.
— Caro jovem, venho a ti,
Agora lhe alertar
Conheça-me direitinho
Antes de me apreciar
Para posteriormente,
Não ter do que reclamar.
Como me comporto e faço
Dentro de cada pessoa
Ajo, tornando ruim,
Quem era gente tão boa
Ao viciar-se em mim
Viverá quase à toa.
Sente-se angustiado
Logo após o meu contato
Prejudico, extingo tudo
E vou causando maltrato
Sou uma grande ilusão
Ta comprovado esse fato.
Faço sofrer sua família
Porque você me consome
Batizam-me todo dia
Por isso, não tenho nome
Enfim, sou DROGA, drogando,
Quando encontro quem me ame.
Não conservo um só amigo
E sempre serei assim
Eu definho, arraso e mato,
Quem se aproxima de mim
Dou impressão de ser boa,
Porém, sou mesmo ruim!
Se não destroçá-lo inteiro
O deixo sem pensamento
Sem cérebro, sem coração,
Sem amor, sem sentimento
Sem fé e sem esperança
E enorme sofrimento.
Quem me faz de companhia
São seres amargurados
Sentem-se sozinhos no mundo
Por todos abandonados
Seus corações são vazios
Rejeitam serem amados.
Quem me busca, às vezes têm,
Problemas para gerir
Por não querer enfrentá-los
Pensa primeiro em fugir
E justo nas minhas mãos
O coitado vem cair.
É uma fuga ilusória
Bato nele até de peia
Meu contato preferido
É aquele pela veia,
Por ser mais destruidor,
Causador de coisa feia.
Por meio dele, consigo,
Mergulhar pelo seu sangue
Daí o levo a entrar
Ou formar sua própria gangue
Depois sair pra matar,
De revólver ou bangue-bangue.
Injetada em suas veias
Passeio, faço misérias,
Pelo seu corpo provoco
Doenças graves e sérias
Vou a membros e canais
Por meio de suas artérias.
Mas, não paro por ai,
Meu passeio é desastroso
Se eras um ser bonito,
Faço ficar horroroso,
Deixando à minha marca
No seu Sistema Nervoso.
Enquanto vou passeando,
Causando destruições
Faço estigmas profundos
Arraso suas emoções
E nesse espaço de tempo
Você vive ilusões.
Através do rio de sangue
Eu consigo atingir
Seu cérebro, o mais importante
Começo a destruir
Deixando-o quase morto
E sem poder reagir.
Todavia, continuo,
Devastando, pois sou forte,
Se persiste em me usar
Faço com que não suporte
Meus efeitos, muito tempo,
E causo a sua morte.
Do seu cérebro, olhe o quê,
Dele eu irei roubar:
Sabedoria e bondade
Capacidade de amar,
Atenção, fraternidade,
Vontade de trabalhar.
Retiro sua força inteira
Levo-o a destruição
Somente através de mim
Sentes alguma emoção
Não é você, mas sou eu,
Deixando-lhe sem razão.
Com o cérebro arruinado
Sua vida social
Já terá sido acabada
Em tudo você ta mal
Não destruo pela metade
Faço serviço total.
Continuando o estrago,
Desço até o coração
Afeto o funcionamento
Do órgão, e a bombeação
Do sangue se prejudica
Abalo, causo lesão.
A essa altura estás
Muito desequilibrado
Pelo efeito maléfico,
Deixo desorientado
Sem pensar mais no futuro
Esquecido do passado.
Nessa hora saberá
Realmente quem eu sou,
Isto é, se não morreu
Porque sua vida mudou
Logo após me conhecer
Tudo nela se estragou.
Por isso, não sei se há,
Como ter me conhecido
Se escapou disso tudo,
É milagre, não duvido,
Porque realmente quem,
Faz isso já tem morrido.
Pronto, já lhe contei tudo,
Minha vida e trajetória
Já viu que perto de mim
Nunca chegará a glória
Acredite ou não, amigo,
Eis ai à minha história.
Estou pronta pra tirar
Sua paz, sua liberdade
Sua fé, sua saúde
Seu prazer, sua vontade
Dinamismo, eficiência,
Lazer e tranqüilidade
Na minha ação retiro,
Sua família querida
Afastando-a pra distante,
Pois, não há, outra saída,
Após levar tudo isso,
Resta só, tirar-lhe à vida.
Por aqui vou terminando
Está dado meu recado
Caso, insista em me usar
Resta dizer obrigado
Por me dar à chance de,
Deixá-lo todo acabado.
Repasse essa carta a outros
Pois, sou assunto em voga
Muito pai para seus filhos,
Não me usar, a Deus roga,
Atenciosa, agradeço
Sua querida amiga DROGA.
Autor
Varneci Santos do Nascimento
e-mail: varnecicordel@yahoo.com.br
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