FREI DAMIÃO O SANTO DO NORDESTE
Senhor, já sabe que eu
Quando quero escrever
Primeiro pergunto a ti
Se irás me conceder
Rima, métrica e poesia
Atrelada ao saber?
Deus bondoso me acompanhe
Me encha agora de dote
Pra descrever absorto
O jovem Pio Gianotte
O nosso Frei Damião
Um bondoso sacerdote.
Deve está junto de ti
Aí na santa mansão
Se aqui já era santo
Agora Frei Damião
Estando, mestre ao seu lado
Temos certa intercessão.
Quase um século de vida
Viveu te anunciando
E almas para seu filho
Chamado Jesus, levando
E nosso Senhor pra todos
Ele viveu apontando!
Em um cinco de novembro
Século dezenove o fim
Nascia esse menino
Para que depois assim
Se tornasse no Nordeste
Força contra o que é ruim.
A cidade de Bozzano
Itália é o país
Deu luz àquela criança
Pois, o Pai assim o quis
Para depois vir fazer
Quem sofria, mais feliz.
Os seus pais muito católicos
De um fervoroso amor
Amavam o Senhor Jesus
Com descomunal ardor
E sempre instruíram Pio
No caminho do Senhor.
Com apenas doze anos
Ele foi matriculado
Em uma escola Seráfica
E depois dum tempo passado
É Pio Gianotte, jovem,
Nos Capuchinhos, ingressado.
Assim se entregava a Cristo
Aquele simples rebento
Na Ordem dos Capuchinhos
Foi morar em um convento
Os frutos de sua missão
Sempre eram cem por cento.
E em cinco de agosto
Do ano de vinte e três (Séc XX)
Foi ele ordenado padre
Festa foi por mais de mês
Para amar Jesus Cristo
Tanto a mim como a vocês.
Sua amizade por Cristo
Era forte e sem magia
Cursou Direito Canônico
Além da teologia
Doutorou-se em Dogmática
Após a filosofia.
E, com vinte e sete anos
Começou a ensinar
Lá em Massa, na Itália
Pra quem queria se ordenar
E ao tornar-se diretor
Não deixou de lecionar.
No convento conheceu
Um garoto de boas ações
Era o Fernando Rossi
Quem nas peregrinações
Seria seu companheiro
Ajudando-o nas missões.
Mas, quando os trinta e três
De idade é completado
Frei Damião pela Ordem
Logo foi designado
Pra pregar o evangelho
Noutro país afastado.
E no Navio “Cont Rount”
Pra nosso Brasil rumou
Aportando no Recife
O frade desembarcou
Em maio de trinta e um
Esse país o ganhou.
Ficou uns dias no Recife
O humano tão humano
Só depois foi residir
No agreste pernambucano
Lá viu humano vivendo
Num jeito bem, desumano.
Na fazenda São Miguel
Cidade de Gravatá
Próximo de uma capela
E hoje ainda está
Como quando esse padre
Começou morar por lá.
Só nove, anos após
O capuchinho Damião
Principiou em fazer
A grande Santa Missão
Convidando o nordestino
Para a fé e oração.
No fim dos anos quarenta
Ele pôde encontrar
Agora já Frei Fernando
O qual ele quis chamar
Esse novo frei pra ser
Secretário particular.
E assim iniciava-se
Uma singela amizade
A qual só se acabaria
Um indo pra eternidade
Deixando pra quem ficasse
Angústia, dor e saudade.
Frei Damião não parou
Com suas Santas Missões
Viajando o Nordeste
Reunindo multidões
Através da penitência
E as longas confissões.
Mais de oitocentos lugares
Ele chegou visitar
Para a Palavra de Deus
Ao povo anunciar
Tornando-se no país
Um frade bem popular.
Em levar o evangelho
Foi de fato um guerreiro
Sendo por tal comparado
Ao Romão do Juazeiro
E por isso tem a fama
Hoje até de milagreiro.
Mas, é bom que se esclareça
E ninguém fique assombrado
Pode até alguns milagres
Ele ter realizado
Porém, para a Igreja
Nada ainda está provado.
Mas, voltando as Missões:
Que ele realizou
Aglomerou multidões
Pelos doentes rezou
E à cidade visitada
Com sua presença parou.
Era um homem de oração
E espiritualidade
Como pessoa humana
Chamada a santidade
Procurava ele encontrar
Em Jesus essa verdade.
Tinha frases bem profundas
Para o povo refletir
E isso, pretendo agora
Na fé de Deus traduzir
E em nome de Jesus
Creio, eu vou conseguir.
—Não sou extraordinário
Muito menos rico em dote
Vivo para Jesus Cristo
Sou apenas sacerdote
Eu amo Nossa Senhora
Para ele isso era um mote.
Aqui, acolá passei
Minha pequena parte fiz
Andarilho do evangelho
Eu creio, meu Jesus quis
Sigo Jesus a exemplo
De São Francisco de Assis.
Milagres quem faz é Deus
Dele vem todo fervor
Esse poder só tem ele
De quem sou imitador
E um simples mensageiro
Da Palavra do Senhor.
A idade me deu doenças
O meu cabelo pintou
Até mesmo a coluna
Com os anos se envergou
Porém, teve uma coisa
Que de mim jamais tirou.
Foi o ânimo missionário
Para evangelizar
Defendendo os mais pobres
Seu reino anunciar
E enquanto eu tiver vivo
Ele vai me ajudar.
O povo da região
Insiste em me confundir
Com o saudoso padre Cícero
Mas, é bom se distinguir
Não e não sempre direi
Pois, eu mesmo nunca o vir.
Venham para confissão
Confessar vossos pecados
Se não tiverdes os graves
Confesse os não pesados
E assim por nosso Deus
Todos serão perdoados.
Já pedi e pedirei
Para esses filhos meus
Não queiram me adorar
Se não os pecados seus
Irão aumentar bastante
Pois, adorar só a Deus.
Esse frade tão amado
Homem cheio de amor
Era para muitos clérigos
Bastante conservador
Porque de temas diversos
Foi ferrenho defensor.
Defendia o celibato
Pra quem queria o convento
Por outro lado à família
Era pra ele o sustento
De uma fé verdadeira
Nascida do casamento.
Dizia: um matrimônio
Não pode se terminar
Porque Deus fazendo algo
Ninguém ouse desmanchar
Deus Pai, unindo, jamais
Homem pode separar.
Falava que a mini saía
Era escândalo e pecado
E moça pra namorar
O pai tinha que tá de lado
Para evitar o perigo
No namoro atrelado.
Com noventa e oito anos
O tempo faz sua ação
Os problemas de saúde
Aumentou de proporção
Não falava com clareza
Ficou sem locomoção.
Após dezenove dias
Passados de internamento
No hospital Português
Veio o fim do tormento
Ano de noventa e sete
Terminou seu sofrimento.
Assim findava-se a vida
Desse velho capuchinho
Nutrido por nordestinos
De um imenso carinho
E além de viver pra Cristo
Nos apontou tal caminho.
Dia trinta e um de maio
Partiu o frade amado
Assim em quatro de junho
Em Recife é sepultado
No Convento de São Félix
O último adeus lhe foi dado.
De fato seu corpo foi
Enterrado num caixão
Mas, seu nome iria ser
Lembrado em todo sertão
Como capuchinho amante
Do Nordeste de paixão.
No auge das suas missões
As pessoas acorreram
A esse religioso
E por ele muitos creram
Em Guarabira uma vez
Milhares apareceram.
No ano noventa e cinco
Cansado e, foi visitar
O estado da Paraíba
E a policia militar
Disse que oitenta mil,
Pessoas foram rezar.
Frei Damião a paróquias
No Nordeste visitou
E pelo povo sofrido
Sofreu, chorou e orou
Onde passou deixou marcas
Onde padre morou e não deixou.
E como a Guarabira
Ele trouxe multidões
Pra que o povo rezasse
Naquelas “Santas Missões”
Era lá que ia surgir
Lindas edificações.
E aqui agora chegamos
No lugar onde queremos
Em que entra a figura
Do monsenhor Nicodemos
Pois, a partir desse padre
Essa história, entendemos.
Ele é o protagonista
Pois, teve em seu coração
A idéia de fazer
A estátua desse irmão
A quem carinhosamente
Chamamos Frei Damião.
O monsenhor exclamou:
A Deus fazendo louvores
—Queria homenageá-lo
Pra que os admiradores
Se reunissem, em volta
Como fiéis seguidores.
O povo sempre gostou
Desse amigo e irmão
Tanto aqui em Guarabira
Como em toda região
Tem por esse capuchinho
Enorme admiração.
Então surgiu a idéia
E essa foi clareando
Fizemos reuniões
Ao povo consultando
E adeptos do projeto
A nós foram se juntando.
Inclusive a prefeitura
Nesse projeto entrou
Na Câmara foi aprovado
Dona Léa executou
E o deputado Zenóbio
Em tudo nos apoiou
Importante parceria
Com a nossa prefeitura
Que fez toda a construção
Bem como a infra-estrutura
E isso vai fazer parte
Também de nossa cultura.
E assim acreditamos
Que quem viu frei Damião
Há de vir a Guarabira
Não para adoração
Porém, com grande respeito
E imensa recordação.
A figura está erguida
Já é um marco profundo
No Brasil classificando-a
Seu lugar é o segundo
Sendo a terceira maior
Existente em todo mundo.
A estátua é muito linda
É obra fenomenal
Mede trinta e dois metros
Isso com seu pedestal
Só podia ser mesmo grande
Para alguém especial.
É o Alexandre Azêdo
O seu ilustre engenheiro
Filho de um escultor
Este um outro guerreiro
E construtor da estátua
Do padre de Juazeiro.
Quatrocentos e trinta e seis
Metros ela tem cubado
Uma obra bem segura
Feita de concreto armado
Tem quase mil toneladas,
Veja, o negócio, é pesado!
No pedestal da Estátua
Um museu vai funcionar
Onde um documentário
O monsenhor vai botar
Com várias coisas do frei
Para o romeiro olhar.
A cama onde dormiu
Objetos utilizados
As sandálias e os pratos
Devem ser lá colocados
E um osso de seu corpo
Tudo muito conservados.
Três salas no Pedestal
Tudo organizadozinho
Uma será uma capela
Outro um museu bem feitinho
E a outra é dos supostos,
Milagres do capuchinho.
Assim Guarabira entra
De maneira tão sutil
Pra o Turismo religioso
Muito grande no Brasil
Lembrando quem rejeitou
A todo sistema vil.
Guarabira há de ser
Imenso centro de fé
Em memória de um frade
Todos bem sabe quem é
Aquele que nos levou
A Jesus de Nazaré.
Muitos ao verem uma imagem
Só falam de adoração
Não entendem como símbolo
A foto de um irmão
Que viveu para Jesus
E merece imitação.
Essa Estátua é o sinal
Dum capuchinho exemplar
Enquanto vivo conosco
Só fazia nos lembrar:
“Jesus Cristo é o Senhor,
E só Cristo pode salvar”.
O monsenhor Nicodemos
Ao lembrar frei Damião
Diz: “ele era um ícone
De fé e inspiração
Porque em toda sua vida
Foi sinal de salvação”.
E o padre ainda afirma,
Com bastante sensatez:
Ser santo para Jesus
É nunca ter mesquinhez
Se dedicar para Deus
E isso o capuchinho fez.
Continua o sacerdote:
Ele era incansado
Sempre chegava em casa
A noite tinha começado
E todas vezes saía
Sem ela ter terminado.
Ele tinha pelo povo
Um respeito exemplar
Não suportava jamais
Deixar ninguém lhe esperar
Principalmente aqueles
Que queriam se confessar.
A sua gente sofrida
Fez questão de atender
O seu defeito nas costas
Começou a acrescer
Atendendo as confissões
De quem vivia a sofrer.
Monsenhor diz que o frade
Nunca queria sair
De dentro da Catedral
Pois, não podia permitir
Deixar o povo esperando
Para ele ir dormir.
Aqui nós vemos o zelo
Dum discípulo do Senhor
Muito diferente hoje
Vemos padre com rancor
Consagrado para Cristo
Sem saber nada de amor.
Nada o conseguia pará-lo
Nem mesmo sua doença
Quando quase não falava
Deus em sua onipresença
Fazia frei Damião
Falar com sua presença.
Nunca foi homem de luxo
Amava a simplicidade
Viveu por esse Nordeste
Levando uma verdade
A do amor verdadeiro
Justiça e fraternidade.
Dom Muniz em Guarabira
É nosso bispo e pastor
Sempre fala na Igreja:
“Só Jesus é o Senhor,
Frei Damião junto dele
É o nosso intercessor”.
O frei rejeitava a fama
Gostava do anonimato
Porém, queria que todos
Amassem a Deus de fato
Por isso, em Guarabira
Fez-se o seu grande retrato.
A santidade é possível
Basta à gente procurar
E isso o italiano
Nunca cansou de buscar
Pra mostrar Jesus aos outros
Também se santificar.
Jesus convida a todos
Pra nos dá a salvação
Se pecou se arrependa
Ao mestre, peça perdão
E tu, chegará a Cristo
Imitando frei Damião.
Autor
Varneci Santos do Nascimento
CONTATO COM O AUTOR: Rua Bráulio Martins, 93 – Santa Terezinha – Cep 58200-000 – Guarabira – Paraíba
e-mail: varnecicordel@yahoo.com.br
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