O Gulliver do Noroeste
(missiva para Jorge Sales)
11-VIII-6
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Aí nesta terra boa
de Presidente Prudente
mora uma prima minha
que não é triste nem contente
filha do irmão do meu pai-
Guaraldo que fala "Uai!"
o mais mineiro entre a gente.
Tem fábrica de colchão
E na lida faz bonito
o marido é "hômi bão"
e passa em todos quesito:
trabalhador, amoroso
um pai muito generoso
(mas tem perna de cabrito...).
E se meu poeta achar
que eu tô de sacanagem
só pra poder rimar
e não perder a viagem
eu lanço um desafio
pergunte para o meu tio
ou manda uma mensagem.
Garanto que ele confirma!
O meu primo é tão grandão
pescoço e perna comprida
que ajuda a televisão-
com a sua biologia
prevê metereologia:
do alto enxerga trovão.
Sua altura é tão grandona,
que lençol pra ele é lenço,
e ás vezes, meu poeta
eu confesso que até penso:
começou a fazer colchão
porque na cama padrão
não cabía esse hômi imenso.
Quando deitava, sufoco!
era homi pra todo lado
e perna pra mais de metro
meu primo tava enrolado
coitado daquele moço
a cabeça com o pescoço
e os pé tudo dobrado!
Quase desiste de tudo
Minha prima -coitadinha!
logo ela, tão mimosa,
mulher daquelas miudinha
foi casar com um gigante...
tá certo que era galante
o engenheiro da terrinha.
Essa história que eu falei
igualzinha você vai
escutar do tio "mineiro"
o tal que só fala Uai,
modesto e bom pescador
de história um contador
Do Rio Grande ao Paraguai.
Isso tudo pra dizer
que Presidente Prudente
também tem os seus Guaraldo
que, cê sabe, é boa gente,
e assim dou garantia:
você está em companhia
dum povo bom e decente.
Por isso fala á Valéria
E de quebra pra Celeste
não liga pra sua gripe
mas se emboneca e se veste
curtir o sol de rachar
mas não asssute se topar
com o Gulliver do noroeste