Ainda me lembro seu dotô,
Lá nas banda do sinhô,
Na fazenda do Arceu,
Tava eu e um primo meu
Vendo avião passá!
Eu gostava do barulhão que fazia,
Quando riscava o céu!
Briava como uma estrela
Quando o sol nele batia!
E eu pequeno já dizia...
Quando creçe,
Vô sê piloto di avião!
Mas foi tudo ilusão!
Precisava de dinhero pra estudá,
Tinha inté que viaja pra capitá
E meu pai não tinha pósse!
Fui fincandu seu doto...
E agora veja e sinhô:
Na fazenda do Arceu,
Fizeram inté uma pista
Pra posá aeroprano!
E eu fiquei tão feliz,
Que fui inté convidado
Pra vuá naquele danado.
Quando subi, vô dize ao sinhô
O meu sonho de criança
Tava realizado!
E eu lá de cima não sabia
Se ria o si chorava
Vendo aquelas prantação
Prantada pelas minha mão!
Foi muito bunito Dotô...
E inté morre eu nunca vô enqueçe...
Se num fui piloto, fui prantadô,
Daquela terra que dexô minha mão marcada,
Do cabo da inxada!
Valeu a pena sim sinhô!
Lá de cima vi tudo verdim,
Os boi cumendo capim...
As cabra bem cuidada,
As arvre enfloricida
E a casa bem pintada!
Sô rocero sim sinhô,
Mas sô feliz de cuidá dessa terra,
Que não é do Arceu,
Não é minha, nem do Dotô...
A terra é...
De Nosso Sinhô