Ò serra azul à distância, encanto da juventude,
E que nas noites sem lua me trazia inquietude.
É que de longe eu ouvia da onça o urro forte
E papai para acalmar-me,a ameaçava de morte.
Logo, logo eu descobri que o papai fantasiava
Criando um mundo lindo, no qual eu me deleitava.
Serra Azul eu fui embora, mas de ti sempre lembrei,
Passaram-se tantas luas, mas agora retornei.
Hoje eu te fotografo deste lado do pontal,
Vejo-te menor agora, será que isto é normal?
Quando a gente é criança tudo é alto e diferente,
Será que eu cresci tanto, ou és menos imponente?
A minha irmã levou-me, de carro ao teu sopé,
Fiquei muito admirada por que vi como que é,
A tua roupagem verde que encobre o teu corpo
E teu pudor de mulher.
Ò serra linda e querida, quando tu olhas pra cá,
Vendo o rio Araguaia com suas águas passar
E as águas do rio Garças com elas se misturar,
Tu deves sorrir contente de estar onde estás.
Pena que também vês a grande degradação
Das margens e dos seus leitos, gerando preocupação.
E por falar nos dois rios que estão passando ali,
Sabia que até os botos estão fugindo daqui?
Mande a água das tuas fontes pra tudo despoluir,
Pra acabar com a sujeira que estou vendo daqui.
Ò serra da minha infância cuida desta minha terra,
Faço este pedido a ti, ò esplendorosa Serra.
Julho de 2005
(Da série de poemas dedicados a Barra do Garças, Xavantina e ao estado de Mato Grosso e pela proximidade, a Aragarças)