O poeta Paulo Marcio
Cunheci um sabiá
Lá na serra onde ele mora
Essa istória vô contá,
Diz ele que a ave sabe
O biquinho isfriá
Na vasia do cachorro,
Um caçadô de preá.
Um caçadô de preá
Que nun se dá o respeito
Pois brinca cum sabiá
Achando qui é direito.
A ave que nun é tola
Pruveitô da situação,
Cunvidô a pomba-rôla
Pra fazê uma armação.
Pra fazê uma armação
Na varanda do iscritô,
E a pomba cum assanhação
O cunvite aceitô.
Ansim é quando amanhece,
O poeta e sua amada,
Se acordam cum o baruio
Dos bichim dano bicada.
Dos bichim dano bicada
Para chamá a atenção
Com a bunita serenata
Que internece o coração
De quem passa la na serra,
Onde o poeta nasceu,
Chei de orgulho de sua terra
Onde istudô e cresceu.
Onde istudô e cresceu
Vendo o sabiá cantá,
No quintal cheim de incanto
Que ainda ixiste por lá.
Meu Poeta, num se avexe
Cum a história do sabiá
Pois mintira de poeta
Vira canção populá.
Os leitô tudo agradece,
O causo que ocê contô
Do sabiá mequetrefe
Do jeitim que ocê falô.
Vou parano pur aqui
Antes que a coisa imbanana,
Prefiro me dispidi
Da sua terra serrana.