Se quiséssemos atribuir aos poetas pernambucanos o conceito de Paulhan sobre "terroristas" e "retóricos", Wilson Araújo de Souza (WAS), com certeza, se enquadraria entre os primeiros. Talvez daí advenha a sua condição de "renegado" dentro da poesia pernambucana, em que pese os vários anos de criação poética e os vários espaços conquistados.
Longe, porém, de alimentar a contradição "dadá" de querer se expressar negando os meios de compreensão ou a realidade que o cerca (como se isso fosse possível), WAS assume o seu lado "terrorista" por manter na sua "lírica", ao lado de uma atitude lúdica que mexe tanto com o sentido quanto com os aspectos sonoros e musicais das palavras, uma visão que atenta para esta mesma realidade. A sua poesia está repleta do "aqui" e do "agora", o que demonstra, acima de tudo, um poeta de bem com a vida e completamente adaptado ao seu tempo, sem escorregar, no entanto, para o ufanismo. Longe disso, os seus olhos atentos captam os aspectos contraditórios desta mesma realidade e fazem deles a matéria que recheia os seus poemas.
Em que pese o trocadilho, discordamos apenas do "was", por vê-lo muito mais como um autêntico poeta "will".
Recife, PE.
Clóvis Campêlo é fotógrafo e escritor filiado a UBE-PE.
E-mail: cloviscampelo@bol.com.br.
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