Lágrimas escorrem pela minha face enquanto dirijo. Onde estou indo? Não sei, gostaria de saber. Sei que não é ao encontro de minha felicidade. Apenas volto pra casa depois de mais um dia de trabalho. Mais um dia onde não cabem meus sonhos, minha vontade. Apenas mais um dia que chega ao fim, sem que eu consiga ser Eu.
Dentro deste carro, sozinha, penso: Para onde estou dirigindo a minha vida? As lágrimas agora caem com mais intensidade, paro o carro. Me entrego, penso nas pessoas que poderei um dia magoar. Choro... Choro porque sou covarde, porque não soube ser feliz.
Enxugo as lágrimas, coloco o carro em movimento. Preciso ir para casa, mas como explicar meu rosto inchado? Rodo, tento não pensar. É preciso colocar a máscara de satisfação, deixar cada coisa em seu lugar. Colocar o Amor guardado, bem no fundo, para que ninguém veja. Para que eu não sinta a dor que o impossível me impõe.
Chego em casa, aqueles que eu não gostaria de magoar me esperam, abrem um sorriso ao me ver. Sinto culpa, como posso não ser feliz?
Entro para o banho, lágrimas querem sair novamente, me controlo. Me visto, respiro fundo. Pronto passou.
Sou metade de mim novamente, meio feliz, meio viva. Ajo normalmente.
A outra metade, aquela que ama intensamente, aquela que chora por ficar trancada, aquela que quer ser feliz, a corajosa. Essa só aparece agora, escreve para sobreviver, para viver. É aqui que ela ama, que ela sonha, que ela é livre.