Aí, logo no cair da noite - boquinha da noite - começou o espetáculo de beleza. Ela apareceu bem no centro do palco, vestida de dourado, alegre, mostrando-se por inteiro.
Transeuntes apressados não tinham tempo para vê-la, seus olhos aflitos buscavam a horizontalidade, estavam presos ao tráfego nervoso da cidade grande na hora do rush.
Lembrei-me, então de uma crónica antiga de Antonio Maria, que nos falava da noite do Rio, das falta de tempo e de hábitos das pessoas daquela cidade de olhar para o alto.
Eu, no meu cantinho, olhei-a demoradamente, examinando todos os mínimos deetalhes, interessado no show de luz e de efeitos especiais.
No mar, bem ali pertinho, as luzes provocavam cintilações perturbadoras no remelexo das vagas da maré vazante.
É agosto. É o luar de agosto tirando reflexos de luz nas águas do Atlàntico Sul, deixando os meus olhos tontos de encantamento.