Charles Bronson morreu, e com ele morreu um pouco a galera do cinema brucutu americano. Ficaram seus representantes como Arnold Swarzenegger, Sylverster Stalone, Bruce Willis, Steven Segall, e até mesmo Jean Claude Van Damme. Hoje em dia seu expoente mais requisitado nem é o exterminador, e sim o agente secreto Triplo X; Vin Diesel. De pensar que tudo isso começou com Desejo de Matar, que era um filme despretencioso e altamente violento para os padrões da época, mas eram apenas três sequências de assassinato, e Bronson já tinha em seu currículo uma lista de brucutus, interpretados no cinema, como em Sete homens e um destino, e Fugindo do inferno. Até mesmo Amor e balas, e O telefone, onde as vítimas recebiam um telefonema no meio da noite: "Esta é uma boa noite para passear..."!
Desejo de Matar marcou época, e gerou uma continuação, coisa rara nas produções da época. Desejo de matar 2 tinha uma trilha sonora conhecidíssima, ritmada em alguns acordes estridentes da guitarra de Jimmy Page do Led Zeppelin, e até mesmo deslanchou a carreira do até então desconhecido Jeff Goldblum, que interpretava um dos assaltantes que assassinavam a filha do personagem de Bronson; Paul Keser, um pacato arquiteto que se vê envolvido numa trama de vingança pelas próprias mãos.
Em Desejo de Matar 3 a série descambou para a vingança pessoal em todos os sentidos, e levou ao extremo a violência e o próprio título da série. Bronson atuava contra vagabundos, contrabandistas, assaltantes, etc. A série durou até a quinta edição, ou seria sexta... A cada filme, o personagem aprimorava suas técnicas e refinava seu estilo, usando cada vez mais, um número variado de armas e munição. Quem há de esquecer da cena onde seu personagem passeava com uma càmera Nikon nos ombros, esperando o assaltante lhe roubar, somente para testar seu novo equipamento - uma Magnum 44! Pior mesmo era a cena onde Paul Keser usava um lançador de granadas para eliminar a quadrilha de traficantes.
Charles Bronson ficou marcado pelo personagem de Desejo de Matar, nada mal para alguém que não devia ter pretensão nenhuma, mas praticamente iniciou o cinema brucutu americano. Sem ele, filmes como Duro de Matar, Exterminador do Futuro, Rambo, etc, não fariam sentido. Desejo de Matar foi o primeiro degrau para o cinema brucutu americano. O nome de Bronson está escrito na história do cinema americano.
No fim da carreira, o ator pereceu na insistência de interpretar seu personagem mais marcante, filmando a série Desejo de Matar. Mas Charles Bronson ainda fez algumas pérolas como O Grande Búfalo branco com Will Sampson, que foi exibido à exaustão pelo SBT. Porém foi com Desejo de Matar que Bronson atingiu o ápice da vaidade humana, o reconhecimento do público, principalmente os jovens da época, como é meu caso e de outros milhares de trintões que fizeram parte de uma época.
Se o primeiro filme da série foi apenas uma vingança pessoal contras os assassino de sua filha, o segundo filme, aquele com a trilha sonora de Jimmy Page, é o melhor da série e introduz um desejo que fica cada vez mais claro ao longo da série: o Desejo de Matar.