Numa dessas aulas rotineiras sobre a "importància do uso estilístico do artigo" surgiu-me de um aluno, desses mais afoitos e atentos a cada palavra que eu dizia, o seguinte raciocínio:
"- Fessora, eu sei que há na norma culta da língua a obrigatoriedade de se usar letras maiúsculas para determinados nomes e, para outros, não. Maiúsculas para nomes próprios de pessoas, animais, acidentes geográficos, lugares, feitos e acontecimentos históricos e por aí...".
Tudo bem! A gramática existe para preservar essa tal de unidade vocabular. Concordo.
Mas o que eu não aceito muito é que certos nomes que têm uma importància tão grande não se escrevem, também, com maiúsculas. O vocábulo PRIMAVERA, por exemplo, não merecia a distinção de um "P"?
A palavra AMOR, maior dos sentimentos.
VENTO,
CHUVA,
SOL,
MAR...
E tantos outros "palavrórios" que definem coisas especiais para cada experiência que a vida nos proporciona.
Sabe... Eu acho mesmo é que deveria haver certa liberdade para que escrevêssemos com letra maiúscula as nossas "PALAVRAS DE ESTIMAÇÃO".
O que acha, fessora, de fazermos uma petição, seguida de um abaixo-assinado, Ã A.B.L para ver se conseguimos mudar essa rigidez em relação ao nosso TÃO AMADO, MAS TÃO POUCO LIVRE IDIOMA?"
Eu, entre surpresa e extasiada com o que ouvia (o aluno em questão é de uma escola pública noturna onde a dificuldade de raciocínio é frequente), simplesmente, nem tive resposta. Assenti um "sim" com a cabeça e demos início à "Operação Primavera".
E eu que havia ensaiado uma *uta aula sobre a simples "estilística do artigo...".
Que modéstia!