O chato maior da televisão anuncia: você vai morrer de rir! E para confirmar que isso é verdade, começa ele mesmo a rir antecipadamente. Após anunciar (e rir) meia dúzia de vezes, quem ainda não mudou de canal pode assistir a algumas reapresentações de pegadinha sem graça nenhuma, que terminam com o pobre ator levando pancadaria. Pior ainda, permanece uma triste constatação: a violência do brasileiro comum. Uma palavra, um susto, uma brincadeira e avançam possessos sobre seu autor. Será que em países como a Inglaterra tais brincadeiras, por mais idiotas que sejam, levam o inglês comum a revidar com tamanha sanha assassina? Depois de assistir ao patético final de algumas dessas pegadinhas, quem se arriscaria a cumprimentar na rua alguém desconhecido?
- Bom dia, tio!
- Bom dia é o #%$+*#$! (e dá-lhe empurrões e pancadas)
- Olá, minha senhora!
- Não se enxerga não, seu moleque? Ta ficando maluco? (e dá-lhe bolsadas!)
- Como vai, caro senhor?
- O que lhe interessa como vou ou não vou? (e corre atrás do educadinho, dando-lhe pontapés)
É claro que, assistindo a essas manifestações no horário nobre da TV, os bandidos e marginais só podem aprender coisas ruins e tentar imitá-las. Alguns até, para não ficar pra trás, redobram a violência de seus atos.
E aí os papéis se alteram: quem aplica a hilariante pegadinha é o marginal.
- Não fique aborrecido não, meu rei (o cara está caído no chão, com três balaços no corpo), é só uma pegadinha do programa "Ria que não dói". Hahaha!
- Levanta daí, camaradinha, foi só uma leve facada na barriga. Dá uma olhada ali na càmera...você está participando do programa João Motosserra.
Eu não disse, caro leitor? Você vai morrer de rir!