Entrei para a estatística. Fui assaltada!
De certa forma isso me tranquiliza, pois afinal de contas tantas pessoas foram assaltadas e tantas vezes que eu também teria de ser algum dia. Já que esse dia chegou talvez agora eu fique livre. Essa nova experiência me ensinou muitas coisas. Pela lógica, quem trabalha tem salário, vale transporte, cheque, identidade, cartões de crédito, celular e um rádio para escutar as notícias enquanto vai para o trabalho. Bom, mas nada disso dá para carregar quando sair na rua. Ladrão adora tudo isso. O meu, o que me assaltou, estava interessado no rádio em primeiro lugar, depois em celular e dinheiro. Aproximou-se com olhar de quem quer uma informação, colocou a mão no bolso, tirei o fone do ouvido e diminui o passo para responder a pergunta que viria mas o que veio foi um encontrão. Ele fechou a cara e gritou pedindo o rádio, dinheiro e telefone. Parece que ficou até mais alto, mais forte. Entreguei o rádio porque ele já estava vendo, dinheiro e telefone, menti que não tinha. Nisso um motorista de taxi que passava gritou para me salvar: - O que está acontecendo aí? O ladrão achou melhor deixar por isso mesmo: - Vai, sai sem olhar para trás. Obedeci prontamente, sai chorando. Azar dele, vinha um policial da brigada militar, pedalando sua bicicleta. Ele perseguiu e prendeu o ladrão recuperando o rádio. Delegacia, registro de ocorrência e reconhecimento através do vidro escuro, por exigência minha. Ele parecia menor, encolhido, suado. Tudo passou mais fiquei traumatizada, mudei o trajeto, deixo quase todos os documentos em casa, tenho medo de pessoas parecidas com ele. Ele não roubou o rádio mas roubou um pouco da minha liberdade, minha caminhada livre e tranquila a caminho do trabalho. E chega de estatísticas!