Não existem meias verdades, como não existe o preservar pela mentira... Pois não existem meias pessoas, e toda sujeira vem à tona em meio à torrente do rio decepção. Por vezes buscamos arremedos em nossa falta de convicção e ferimos mais que podemos, inclusive a nós mesmos. Inebriamos nossas almas em perfume barato de forma que não possamos sentir o exalar do mau cheiro da nossa própria podridão. Toda mentira é um fato que se torna fardo... todo pedido de perdão é a chave para chafurdarmos no lamaçal criado pelo pretexto da preservação de outrem. Sinto pois, pelo grito de blasfêmia que ora imponho estampado nestas linhas, mas o nó e a repulsa que ora rasga-me a carne precisa ser jogada de forma a limpar-me de toda culpa e de toda dor. Que soem todas as vozes que não marcam consoantes o descompasso de nossas mazelas. Que se levantem as multidões a clamar por suas dores de forma a deixarmos mais límpidos nossos horizontes. Que nossas armas sejam as singelezas das flores e o sorriso travesso de cada pequeno ser. Que sejamos grandes e altruístas, dando vida a nossa própria vida. Sejamos, enfim, homens e mulheres de boa vontade, de fato...