Pela manhã, num curto passeio pelo bairro, gosto de apreciar as crianças a brincar na praça. Parecem um bando de pardais em manhã ensolarada!
É, realmente, uma visão que acalma, pela ingenuidade e pureza daqueles pequeninos seres que não sabem o mundo que os aguarda... E quem sabia?
Sentei-me num banco à sombra de uma árvore, agora hipnotizada por tanta algazarra...
Não conheço bem as brincadeiras atuais. Mas brincavam de alguma coisa, que fazia de quem cometesse um "erro", um prisioneiro. E a improvisada cela era o cercado de tela do campo de futebol.
E assim se foi passando a brincadeira, sempre no mesmo ritmo.
Mas, o que me chamou realmente a atenção, foi o discurso de uma menina, e por sinal parecia a "líder do grupo"... E dizia para o "prisioneiro":
"- Errar uma vez, você pode! Errar mais outra vez, você pode!".
Mas, errar pela terceira vez, você será um condenado à prisão perpétua e terá um grande castigo!!!"
Tentei analisar o discurso da menina. Refleti sobre ele. E achei-lhe uma certa lógica.
Lembrei-me de quantas vezes, na vida, nós, prepotentes seres, que nos julgamos tão corretos, erramos... E como!!!
Erramos por acreditar;
Erramos por confiar;
Erramos por não acreditar;
Erramos por não confiar...
Isto porque temos muitas dúvidas, sobre o quê, ou em quem podemos acredita ou confiar...
Admiti a mim mesma que tenho cometido erros; Ã s vezes os repito, por esquecimento, ou por pensá-los "não-erros", apesar de o serem e ainda em grau maior.
E só percebo isto, na hora das consequências, isto é, de "pagar o tributo"...
Concluí, então, que a menina estava correta, em sua "pequenina sentença":
"Três é demais!"
E o três é a simbologia da PERFEIÇÃO... Trindade... As três pontas do triàngulo...
"Três"... Deve ser o limite...
Creio que aqueles que cometem o mesmo erro, por três vezes, caíram no mundo errado. Deveriam ter escolhido um mundo "três vezes" inferior, onde todos errassem três vezes e ninguém ficaria saturado, ou imporia um limite.
Acredito que todos temos um caminho a trilhar. Caminho este escolhido por nossa própria vontade. E a direção é, sempre, uma Grande Luz... Mas, no trajeto, algo em nossa mente fica nebuloso e nos perdemos em atalhos...
Então, começamos a caminhar em direção de pequenas luzes, que não passam de simples "velas" que à menor brisa se apagam e nos deixam em plena escuridão.