Chegou o Natal, e a esperança se faz presente em nós e no mundo. Vejo luzes que acende árvores, casas. Iluminam pessoas descrentes. Existe esperança nos sorrisos das crianças que esperam presentes.
Uma magia toma conta dos nossos corações. Saímos à s ruas com o sorriso aberto, distribuindo presentes. Adoro sair vestido de Papai Noel!
E sonho com um mundo sem ódio, armas, violência. Sem crianças dormindo nas duras calçadas, misturados aos mendigos que não sonham um novo dia. Nasceram para morrer!
Achamos que os políticos, deveriam antes de assumir seus cargos, conhecer de perto o que é viver sem esperança. Basta ir à s ruas, conversar com essa gente, que parece que não vivem, mas estão sempre vivas em nossas lembranças. Como esquecer?
Hoje tive o prazer de ler que na cidade do Rio de Janeiro, haverá uma noite diferente de Natal.
A missa do Galo na Catedral de São Sebastião, terá um presépio vivo, formado por um grupo de mendigos e moradores de rua.
Será instalado junto ao altar, durante a missa do Galo, que será celebrada domingo à meia noite, pelo Cardeal Dom Eugênio Sales.
Durante a cerimónia o bom pastor, colocará uma imagem do menino Jesus no presépio vivo; marcando o momento do nascimento.
O idealizador do projeto o cónego Aroldo Ribeiro, pároco da Catedral, diz que essa cena vai lembrar à noite do nascimento de Jesus Cristo, há dois mil anos, numa pequena gruta. Anjos guiaram pastores humildes até a estrebaria.
Após a cerimónia religiosa, o Cardeal vai abençoar a ceia natalina para mil moradores de rua, organizada pela pastoral.
Devemos louvar esse gesto, de amor, para os menos favorecidos. Nunca preocupamos em lembrar que Jesus, não nasceu em berço de ouro. Por que comemoramos o natal com tanto luxo, quando tantos têm fome e frio?
Gostaria de lembrar aos leitores, que o natal significa o nascimento; a irrupção de Deus entre a família humana, na pessoa de Jesus. Podemos recitar o poema de dom Pedro Casaldáliga "No seio de Maria, Deus se fez homem; na carpintaria de José, Deus se fez na classe".
Podemos lembrar também os preconceitos arraigados. "Como pode vir algo que preste de Nazaré? Indagou Natanael ( João1, 46).
Aos olhos dos fariseus, o Messias deveria nascer coberto de glórias; poderoso como David ou envolto no esplendor de Salomão.
Para indignação dos bem-pensantes, os pobres identificaram a presença Divina, naquele jovem que percorria a Galiléia, cercado de pescadores, e rigoroso com os ricos e poderosos. Nem todos identificaram o Messias anunciado pelos profetas e esperado pelo povo de Israel.
Da natureza divina de Jesus emanava vida. Esse é o dom maior de Deus. "Vim para que todos tenham vida e vida em abundància."(João 1, 46)
Hoje nós cristãos pregamos a palavra de Jesus, nem sempre defendemos a vida em sua radicalidade.
O Evangelho demonstra que tudo que produz morte; opressão; legalismo; enfermidade; injustiça ou desamor, era objeto de criticas severas do menino Deus.
Temos o dever de lutar pela vida. Ninguém tem o direito de morrer sem defesa, como o extermínio de mendigos e crianças de rua ou a escravização dos bóias-frias. Os doentes que sofrem sem assistência do Estado. Crianças que são abandonadas pelos pais ao menor deslize. Idosos rejeitados pelos filhos e abandonados nos hospitais ou asilos.
Celebrar o nascimento de Jesus é no mínimo renascer com Ele. No natal devemos livrar dos nossos impulsos vingativos, ressentimentos, fantasias funestas.
Devemos engajar-nos na luta pela sobrevivência dos humildes e no fim da violência contra os que conseguem com muita luta e trabalho um lugar ao sol.
O governo precisa ter consciência que não existe igualdade. Para os pobres viverem é preciso que haja riquezas.
Esse Natal coincide no Brasil, com novas administrações municipais. Aguardamos governantes comprometidos com a erradicação da miséria, o aumento do nível de emprego, as reformas fiscal e agrária, a restauração do sistema educacional e da saúde.
E que essa menina tão frágil chamada "Justiça Social" possa crescer saudável e florescer em toda Sociedade. É preciso atentar para os que têm fome e que nasceram em manjedouras, alijados das mínimas condições de vida decente.
Vamos saudar Papai Noel, não esquecendo do nosso ídolo maior que é JESUS CRISTO e sofrimento do seu nascimento. Que à figura do bom velhinho não apague o filho de Deus e Maria.
Que o próximo milênio habite em todos os corações a felicidade e alegria de viver.
Que exista o pobre e o rico. Mas seja erradicada a fome e a injustiça social do nosso planeta.
FELIZ NATAL