Dormia tranquilamente um sono triste, daqueles que se tem quando se espera acordar. Ao se deitar, lembrara de deixar o telefone ligado. Talvez ele quisesse te ligar de madrugada. Como um sonho bom, sonhado à s 03:38, o telefone toca uma vez. É ele. Ela retorna a ligação e ouve feliz e com sono aquela voz amada.
É ele lhe pedindo para não ficar triste. Em meio a tantas revelações, ele lhe diz, gosto de você, não fique assim não. Ela o sabe. Sabe mais do que ele disse, a primeira pessoa em que ele pensara em telefonar fora ela. E a confusão dele ao explicar que ligara somente para se despedir foi crucial. Era para dizer boa noite ou bom dia?
Não sabiam. Ela apenas soubera notar, no escuro do quarto, a voz dele em seus ouvidos, baixinha, lhe pedindo desculpa pelo horário. Não precisava. Dormiria então feliz porque ele ligara, não frustrara suas expectativas como sempre. E do outro lado da linha, ela podia notá-lo relutante para desligar o telefone, mas mandou beijo, desligou e foi dormir, feliz como nunca de ter sido acordada.