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Cronicas-->Da solidão das coisas -- 22/11/2003 - 15:40 (Juraci de Oliveira Chaves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Estava um dia diferente. O sol jogava seus raios úmidos sobre a floresta virgem. Não se ouvia nada, só o som das batidas de um coração cardiocado. Escolhera aquele lugar para ficar sozinha e ouvir o piado mudo da natureza. Buscava a paz, o silêncio para meditação ou relembranças. Fizera o caminho inverso ao seu desejo. Não se arrependeu. Ali sempre estivera calmo, tranquilo. A mata falava consigo mesma. Isolamento e solidão. A natureza se multiplicava na mudez do seu próprio silêncio. Da solidão das coisas a beleza da vida. Todos temos nossos encontros, buscamos a imagem e refletimos sobre nossos sentimentos. A descoberta do seu interior, da música extraordinária de um pássaro cantor que invadia seu íntimo. O retorno de um coral de outros em timbre suave. Encanto! O perfume silvestre agradava ao olfato. Deleite. Decifrava todos os aromas. A linguagem das flores. Umas tristes outras alegres, umas magoadas outras contentes. Cumpriam sua missão na mata.
Deixava-se ficar assim, aspirando a brisa calma e perfumada. Se atirava na tepidez dos ecos, na ausência de outros ruídos. Ouvia o grito ecoando nos labirintos das montanhas lá longe. Doce e agudo. Inquietava a alma. Abraçava um aperto doído. Nos ouvidos, depósito de sonhos e sons inacabados. Ecoava. Indagação.
"Por que o eco galopa tão rápido entre o lajedo das matas virgens?"
Sucede um nome várias vezes, sequencial e não obtém a resposta do outro? Somente o lado de cá. Silencia. Sabe que nunca terá a resposta desejada. Nem outra qualquer. Bordou muitos sonhos de prata. Muito reais. Se transformaram em cascatas cristalinas. Evaporaram-se.
A tarde tímida vagueia devoluta. O sol desvanecendo espalha uma lágrima silenciosa. Resultado de coisas inacabadas. A garganta trava e os olhos marejam. Outro grito, outro eco. Chama seu nome. Taciturnidade. Quase misantropia.
Dizem que lágrimas não fazem mal, são catarse, libertação da fraqueza humana. Não só isso. Lágrima é também resquício da dor, da vergonha, da tristeza e da saudade oculta. Até da alegria, coisa rara nos novos tempos.
Busca nova imagem. Metamorfoseia e voa entre folhas e galhos como vaga-lumes. Lumes da alma enfraquecida. Sabia que o pior estava por vir. À qualquer momento.
Percebeu que escurecera. O canto dos pássaros findou. Buscou outra melodia porém nada lhe agradava.
- Não dá mais para ficar aqui, - resignou-se.
Em passos lentos mergulhou-se na realidade.

Juraci de Oliveira Chaves
www.jurainverso.kit.net
Pirapora MG novembro 2003
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