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Cronicas-->ROSANA de NATAL -- 18/12/2003 - 04:50 (Lia-Rosa Reuse) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A casa era uma estrela abrindo-se para a noite !
A porta de duas folhas, janelas na parte superior, dava para o pátio e era convite à surpresa. Pelas janelas do quarto e da sala transbordava a harmonia.
A cor clara das paredes de madeira resplandeciam de uma luminosidade azulada que envolvia os poucos móveis e se multiplicava nos espelhos e transparências da cristaleira com suas peças antigas, desde lembranças da infància da mamãe, da primeira caneta do papai, até as porcelanas chinesas e casca-de ovo com que ele a surpreendera em seu aniversário, lá no início do namoro oficial que, somado ao noivado, durara treze anos.
A modesta sala , o balcão, a mesa e as cadeiras sob a làmpada sem lustre, as duas colunas de madeira sobre as quais repousavam pesadas bolas de cristal , tudo emitia sonoridades de Natal !
A árvore era verdadeira e alcançava o teto ! Coberta de flocos de algodão, exibia garbosamente ornamentos de todas as formas e tons, protegendo com seus galhos, no presépio, lagos feitos de espelhinhos, cisnes, marrequinhas, caminhos de areia, casinhas, reis magos, pastores, ovelhinhas e, sob a luz da pequena Lunita trazida do quarto, o cantinho especial do Jesus Menino com sua doce Mãe, José, o Burrico e a Vaca, tudo de ceràmica, além de cavaleiros, cães e representantes de toda a criação de plástico aqui e ali !
A criançada da vizinhança reunida, em alvoroço cantava, ria. "Papai Donel vai chegar" dizia minha amiguinha , sem bem saber de que se tratava, exceto que seria maravilhoso !
Enquanto morria o pinheiro para animar nossa festa, triste realidade constatada ao vê-lo ser retirado, já em janeiro, nós esperávamos Papai Noel.
De repente, ei-lo que chega ! Nossas almas arrebatadas por suas roupas vermelhas, sua barba, dirigiam nossos olhares ao ilustre visitante. Instalado em sua cadeira, foi chamando a meninada para receber pacotes enfeitados, a maior parte antecipadamente entregues pelos meus próprios pais para que ninguém saísse sem presente.
Enquanto os pacotes saiam do pesado saco para todos os cantos, todo o meu ser detinha-se na emoção daquele convívio ! De repente, meu nome foi chamado ! Papai Noel tomou-me nos braços, sentou-me em seus joelhos. Com muito carinho, fez algumas perguntas sobre mim e meu comportamento. Contei-lhe que traçara meu nome a lápis na parede, bem entre o balcão e a cristaleira, com um L e R como os do papai. Sacudindo a cabeça, elogiou minha obra, fez as recomendações de praxe e, ao final de nosso longo diálogo, entregou-me uma caixa ! Continha uma boneca de porcelana do meu tamanho, que chamei Rosana. Ela tinha tranças, franjinha, brincos, um rosto de anjo com mimosos dentinhos entre os delicados lábios , vestido branco estampado de florzinhas vermelhas, aventalzinho também vermelho, sapatinhos de couro branco e carpins de seda ! Como era linda a minha Rosana , com longos cílios, olhos que fechavam docemente e choro para comunicar-se !
E mais : caminhava ! Sim , era a "Boneca que Caminha " !
Vê-la aproximar-se de mim passo a passo, sobre a mesa redonda, apoiada apenas pela mão da mamãe, foi algo muito maior que todas as forças de minha alma : fiquei imobilizada no milagre, até que Rosana chegou tão perto que meus braços se abriram para unir nossos corações !
Acompanhada de Luva, minha cadelinha fox, e de meus amiguinhos, passei a noite apresentando-a a todos os vizinhos, a Tchentcha, minha boneca de borracha ( que fazia xixi ) , a Mariazinha , a meu urso ; a Nero, o perdigueiro do porão da outra casa do pátio; a Barão, o grande cão escuro que morava sob a janela do quartinho em que meu pai instalara sua biblioteca, aos gatinhos e gatinhas, como Mimosa, Diná, Manquinho, enfim aos participantes do meu universo quotidiano.
Rosana seria minha boneca de fins de semana, como o grande Bóbi de porcelana do Natal seguinte, para não ser destruída pelos camaradas menos calmos... Minha companheira de todos os minutos seria a Nêga, feita por minha própria mãe com meias de algodão, numa tarde de domingo na casa de nossa madrinha. Mas em todos os finais de semana e datas especiais, Rosana descia do alto do armário para enriquecer minhas brincadeiras.
Nêga tornou-se muito mais do que uma boneca em minha vida : era minha confidente!
Rosana foi a ESTRELA DO NATAL e é para ela e todas as outras que se seguiram que dedico esta crónica : Eliana, Sérgio, Susana, Susete, Nancy, Dirceu, meu urso de astracã azul-marinho, Estrelas de Páscoa como Pascoal, Coelho Branco com fitas vermelhas, a coelha de aventalzinho verde ( todos obra da mamãe ) e tantos outros, passando das bonecas de pano e de borracha às de porcelana.
Quanto ao Papai Noel, chegava de uma cidade próxima para o evento e era irmão de uma vizinha. Mesmo quando fui informada por meu pai de tal detalhe, para compreender porque minha mãe, que trabalhara o ano todo nos Correios, recebera apenas um vestido de presente enquanto uma amiga que vivia ricamente recebera um automóvel, continuei no meu mundo encantado: mesmo que o verdadeiro Papai Noel fosse meu próprio pai, PAPAI NOEL EXISTIA e fizera bilhar minha ESTRELA DE NATAL !































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