O PT nasceu com os pés no chão. Fortes e firmes como os do avestruz. E um sonho de asas vermelhas: chegar ao cume do poder, voando alto como a águia. Fiel e amigo como o cachorro. Ético e avesso à infidelidade que rasteja no chão, como a cobra.
E o PT cresceu e ficou grande como o elefante. Trabalhou como burro; e chegou lá. E logo foi tirando o coelho da cartola. Promessas e mais promessas, imitando, como macaco, seu antecessor. Até a tabela do leão ficou do mesmo jeito.
Muitas viagens pelo mundo inteiro. Do Oriente, dos camelos, ao continente africano, dos tigres. E começaram os sintomas da síndrome do pavão: suas lideranças ficaram vaidosas e indiferentes para com o povo que as elegeram.
Até que, numa sexta-feira 13, resolveram cantar de galo, em grande estilo, para comemorar o aniversário de fundação do partido. Mas era dia de gato preto. E eles caíram do cavalo. Vinte e quatro anos jogados na lama dos porcos. Então apareceu o bicho que faltava, o Waldomiro. O amigo urso que levou a vaca pro brejo. Deu zebra. E o partido, que era forte como um touro, virou um carneiro: manso, tímido e calado. Irreconhecível.