Frederic Taylor, engenheiro civil, homem de raciocínio concreto, introduziu o termo "carga horária" em sua filha, a Administração, para dimensionar tempos e movimentos, ao adestrar seus serventes e pedreiros como se fossem homens-bois.
Até hoje, os analistas de treinamento e desenvolvimento de pessoas usam esse termo. Por quê não "horas de atenção"? Convocar alguém para participar de um curso, ou de um seminário, ou de um simpósio, ou de um congresso, nos tempos atuais, é um ato que requer lhaneza no trato ao treinando, como ponto de partida para uma nova aprendizagem. "Carga horária" cheira a horas de sacrifício, de penúria, de exaustão. É uma expressão que não predispõe o empregado para aprender e, nos demonstrativos e relatórios à cupula da empresa, reforçam a idéia de que as atividades de T&D são fardos que ela suporta. "Carga horária" não estimula um diretor a vê-las como investimento em conhecimento e possibilidades de agregação de valores ao homem e ao que a empresa produz. Pelo contrário, ela reforça o autoritarismo dessa "peça", que não se escasseia, que vê um evento como e-vento, endossável via "e-mail", para não fugir da "moda", mas, que ele sussurra como "horas perdidas" pela empresa a sua secretária.
Uma colega, ao ouvir-me pregando sobre isso, respondeu-me dizendo que não se preocupava com expressões já consolidadas e de uso geral em todas as empresas. Chamei-a de "maria vai com as outras". Disse-lhe que lealdade ao seu trabalho consiste em pequeninos gestos de preferência entre duas ou mais possibilidades. Que o jequitibá começa é de pequeno. Que, se déssemos o primeiro passo, poderíamos ter a esperança de a idéia graçar por todas as empresas. Ela alegou que para mudá-la seria necessário ter um fundamento.
A Programação Neurolinguística nos alerta para o perigo das palavras orgànicas, as que geram indisposições e graves distúrbios psicológicos nas pessoas. "Última" e "último", por exemplo, são palavras que obnubilam a repetição, um dos pilares da aprendizagem. A propósito, não me lembro do autor, mas sempre me lembro de que "repetir não muda nada no objeto que se repete, mas algo se modifica no espírito que o contempla." Repetir "horas de atenção", adotá-la como "H.A." nas convocações e nos relatórios, pode trazer novas graus de compreensão para o trabalho do analista de T&D e mais apoio na sua inevitável e breve transformação em Educador Corporativo.