O filme "Carlota Joaquina" conta de maneira divertida e descontraída, a história da vinda da família real para o Brasil. Seu elenco é formado pelos atores Marco Nanini representando D. João VI, Marieta Severo como Carlota Joaquina, Marcos Palmeira na pele de D. Pedro I e Ludmila Dayer interpretando Carlota, quando menina, e Yolanda.
Além dessas estrelas da televisão e do cinema brasileiro, o filme é dirigido por Carla Camurati. É narrado por Brent Hilatt, que representa um escocês. Ele conta a Yolanda com grande sabedoria, esse fato marcante da história de nosso país.
Tudo começou quando Carlota, uma menina muito esnobe, autoritária, mimada, infanta da Espanha, é recrutada por motivos políticos e económicos, a casar-se com o infante de Portugal. O casamento nessa época era uma aliança entre os países, uma maneira de estabelecer comércio entre eles e por isso este tipo de casamento só ocorria entre os nobres.
Carlota viaja à Portugal, uma corte totalmente diferente da Espanhola, com outro modo de vida. Ao contrário da Espanhola, a corte Portuguesa era muito triste e silenciosa. Ninguém falava, dançava e nem ria. Apenas sussurravam o tempo todo por causa da iminência da morte do rei.
Naquela época, Napoleão Bonaparte, o imponente e poderoso ditador, estabelece um bloqueio comercial, no qual nenhum país poderia comercializar com a Inglaterra, inclusive Portugal. No entanto, este país tinha fortes alianças com a Inglaterra e caso deixasse de comercializar, a economia poderia ser intensamente prejudicada. Por outro lado, se contrariasse a ordem de Napoleão, Portugal poderia ser atacada. D. João perante essa dúvida ficou atordoado sem saber que decisão tomar. Aproveitando-se da situação, a Inglaterra apresenta a "brilhante" solução para agradar os inimigos e aliados de Portugal: o comércio entre os países não cessaria, mas para evitar qualquer eventual problema, propós a vinda da Família Real para o Brasil. A princípio, a corte repugnou essa idéia sabendo que teriam que jogar para o alto todo seu luxo, status e sua vida, vindo para um país sem saber ao certo o que poderiam encontrar. Mas era preciso tomar a decisão mais apropriada e segura para um momento tão delicado como aquele.
A decisão estava nas mãos de D. João VI, um homem muito inseguro, indeciso e indelicado. Passava os dias pensando em flores, comida ou mesmo rezando. Era um rei sem muita personalidade política já que era incapaz de tomar sozinho decisões importantes e justamente pelo seu jeito bobo, era alvo de muitas brincadeiras. Contudo, D. João VI decide que a corte "fugirá" para o Brasil.
O povo português, ao descobrir a decisão do rei, queria embarcar junto com a corte, mas nem toda a população podia vir. Por isso, vieram em torno de 15 mil pessoas distribuídas em aproximadamente 20 embarcações.
Ao decorrer da longa viagem, muitos imprevistos atormentaram os viajantes. Faltava água e comida. Ora viajavam sob um ardente sol, ora vivenciavam momentos de terror em imensas tempestades. Para agravar mais a situação, o vento feroz, traiçoeiro e impiedoso, era o mais temível inimigo daqueles que estavam em alto-mar. Fazia com que as embarcações se perdessem umas das outras e consequentemente, chegassem no seu destino em períodos diferentes. E o pior de tudo ninguém sabe. As cabeças dos viajantes estavam inteiramente possuídas por seres insuportáveis e agonizantes: os piolhos.
Ao chegar em terra, Carlota ficou completamente insatisfeita e desgostosa com um lugar tão inferior ao seu castelo. Habitavam muitos índios desnudos e pintados e, além disso, para ela, muitos macacos negros", que "sujavam" o país. Porém, é neste país tropical que Carlota encontra seu último e grande amor: um negro rico e casado, chamado Fernando, que entraria na lista de seus numerosos amantes. Mulher obcecada e insaciável, sempre estava disposta para momentos prazerosos com seus amantes. Mas como era tolerável naquela época, uma mulher tão descarada em uma posição importante como aquela, se relacionar com os homens de todo o elenco? A vulgaridade tomou conta de Carlota. O sexo e os palavrões se apropriaram de sua alma.
Com a chegada da Família Real, não havia pensões e nem moradias. A Polícia Real solicitava que as pessoas deixassem suas casas para dar lugar à corte. Sem casa e sem comida, a confusão económica começou e os comerciantes tiravam vantagem da situação com o crescente aumento dos preços dos produtos. Diante disso, os nativos não conseguiam acompanhar a situação e acima de tudo, o povo era obrigado a aprende como se comportar diante de uma princesa.
A corte trouxe para o Brasil um pouco de sua cultura e criou o Banco do Brasil, como forma de D. João assegurar em seu bolso todo ouro existente no país. Criou-se a Imprensa Régia, a Biblioteca Real, o Jardim Botànico e as Faculdades de Medicina. Muitas das obras construídas no Brasil pelo rei, estão nos moldes da Europa.
Nessa época, o povo brasileiro conheceu uma figura muito carismática e dedicada, D. Pedro I, filho de D. João VI. Era famoso por toda a cidade devido ao seu apetite por mulheres. Garanhão e safado, D. Pedro não via " cara nem coração". Todas as mulheres faziam seu gosto: francesas, polacas, negras, índias e tudo que se possa imaginar. Era epilético, mas como sua mãe, completamente obcecado por momentos de prazer.
Enquanto isso em Portugal, os burgueses estavam descontentes por estarem isolados economicamente, pois com a vinda da corte portuguesa para o Brasil, o comércio passou a se realizar da Inglaterra para o Brasil de forma que a burguesia portuguesa não ocupava mais a posição de intermediário. Foi elaborada pelos portugueses uma Constituição, cujo objetivo era restringir os poderes do rei. Este, por sua vez, deixa o Brasil e assina a Constituição permanecendo em Portugal, visto que Napoleão havia sido derrotado e não correriam mais riscos.
Apaixonado pelo país, D. Pedro não queria deixar para trás aquele povo que tão bem o recepcionou e aquela terra que tão preciosa era para ele. Na tentativa de convencer seu pai a deixa-lo ficar no Brasil, usou o argumento de que todas a terras estariam sempre asseguradas em suas mãos. E convence assim seu pai.
Em 1821, a corte retorna a Portugal sendo que apenas D. Pedro permanece. Carlota ficou muito feliz e aliviada ao saber que voltaria à Europa e reencontraria todo deu luxo novamente. Ao embarcar, Carlota nos surpreendeu com sua atitude de menosprezo. Bateu os sapatos, tirando o pó da terra e os jogou ao mar como se estivesse finalmente livre de um lugar extremamente insignificante, do qual ela não queria guardar vestígios.