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Cronicas-->Tormento -- 07/04/2004 - 13:06 (LuRomana) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Olho para essa página em branco... Ela me mostra somente solidão. Penso numa forma de preenchê-la. Meus pensamentos estão vazios, mas meus sentimentos me parecem vivos... Não são sentimentos bons. Um tristeza muito grande brota na minha alma. É causada pelo abandono, pela saudade. Por uma sensação imensa de não ter vivido. Aos poucos, vão me chegando à memória as lembranças de um jovem rosto... Consigo vê-lo, feliz e radiante. Consigo vê-lo brilhando com um sorriso puro, ingênuo. No entanto, uma nuvem paira sobre ele. Sei bem o que é... Sensível demais, a pequena menina parecia não estar preparada para o mundo. Sinto vontade de proteger a pobre criança, confortá-la, mas hoje ela não existe mais... Está somente dentro de mim... Essa criança possuia sonhos, possuia esperanças. Eram coisinhas pequenas. Ou seriam elas grandes demais para a pequena criança? Queria se divertir, brincar, aprender... Mas não foi possível... Precisava somente de um amigo... Não conseguiu algo assim. Injustificadamente, o destino me nega isso. Culpa minha ou dele? Aos poucos, a criança transforma-se numa mulher adulta... No entanto, o coração permanece criança. Ele é ainda ingênuo, frágil e vulnerável. Por sua tamanha sensibilidade, não consegue jogar-se no mundo, não consegue viver. E as lágrimas descem. Seriam as lágrimas da criança imaginando o seu futuro?? Ou seriam as lágrimas de adulta que percebeu que foi aprisionada no passado?? Impossível saber... Talvez as duas estejam chorando, entristecidas pela vida inexistente. Talvez as duas estejam chorando, devido ao sonho que não aconteceu.
Escrevo... agora existe algo na página em branco. Mas parece-me que ela estava mais bonita quando vazia... Seria melhor apagar? Começar de novo?? Não... Impossível. Não há como apagar uma vida. Não há como reconstruir algo que já passou. O tempo... Não posso negar que tenha sido preenchido por momentos bons. Abraçados a estes, no entanto, encontramos lembranças obscurecidas por uma grande sombra, não muito comuns na vida das outras pessoas... Há algo que marca a vida da criança, da adolescente, da adulta. Uma mistura de medo, dor e solidão.
Vem-me então a imagem da adolescente...
Aquela que com seu coração criança perdeu-se em devaneios...
Voltou-se para o céu e lançou pela última vez suas palavras ao espaço... E fez isso com um sorriso tão doce. Parecia não haver tristeza na expressão singela. Contudo, quanta dor sentia. Era a dor da desesperança e a dor da desilusão. Viu que se afastava. Ele andava lentamente... Havia dito que voltaria. No entanto, ela sabia que não. Ele mentia. Estava indo para sempre... Conheceria outros mundos, conheceria outras pessoas e ela estaria sempre ali, completamente só. Quieta a sentir o coração apertado, derramando ingênuas lágrimas, por alguém que nunca saberia que foi amado. Não o culpava. Como poderia? Apenas sabia que ele tinha sido cego, mas ela o perdoava... Ela sempre o perdoava... E essa era a prova de seu amor. Estaria sempre ali... Se ele foi cego e jogou o destino dos dois no lixo, ela não podia fazer nada. Apenas o perdoava...
Posso agora ouvir as orações... é a voz da criança. O que ela diz? Pede ajuda. Me parece desesperada. Consigo enxergar seus olhos. Estão molhados. As tênues lágrimas vão descendo, uma a uma. Ela pede ajuda. Quem estaria ouvindo-a?? Seria Deus? Não saberia dizer... A criança achava que era. E acreditava muito que seria ajudada. Noite após noite, ela rezava. Sempre pedindo para que a grande sombra se dissipasse. Ela desejava apenas brilhar. Ter a alegria das outras crianças. Mostrar-se bonita como elas. Mas algo a impedia. O seu juramento. Tola promessa que a condenou para sempre. Que lhe faz sofrer e muito pouco a engrandece. E, assim, sobram apenas as lágrimas que correm consoladoras, que tentam de alguma forma aliviar um aflito coração.
Palidamente, com as mãos trêmulas, toco o álbum empoeirado. Folheando-o vejo a criança, a adolescente, a adulta. Cercada de pessoas, mas sempre das mesmas pessoas. E, vejo aquele grande sorriso, presente na maioria das imagens. No entanto, em algumas, lá está ele. O olhar triste, que parece implorar algo. Como saber o que é?? Pede a liberdade de uma alma prisioneira. No destino partido, no mosaico construído pelo tempo, percebe-se somente a desesperança. Ou a vã esperança? Não há dúvidas ou certezas... O vazio parece preencher essas páginas. Com quais fatos engrandecê-las?? Há realizações? Alegrias? Vida? Por certo que sim. Subitamente, o álbum cai. E tenta mostrar que realmente há...


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