Uma das melhores coisas que já inventaram foi a rede. Não a rede mundial de computadores, mas a rede de pano, de deitar, aquela que você pendura cada ponta nos ganchos fincados na parede e fica sobre ela horas e horas...
Não sei se foram os baianos, os índios que inventaram esta preciosidade. Mas eu sei que é bom demais.
Depois que o calor voltou a reinar na Capital Paulista, as noites têm sido maravilhosas, melhores ainda porque pude deitar na fabulosa rede amarela da minha casa.
A rede lembra um pouco a vida baiana, calma, sossegada, sem pressa alguma. O balanço da rede traz uma sensação de que tudo pode ser mais tranquilo e sereno do que a vida agitada que levamos. É claro que dizer tudo é igual, idêntico ao modo soteropolitano é mentira, mas a comparação é inevitável.
Esta semana, num destes dias quentes de veraneio, depois de um dia de trabalho e de malhação, a rede estava lá, parecia que me chamava. Foram alguns minutos de puro sentimento de calmaria. Só faltava o mar na minha frente, ao próximo para que escutasse o barulho das ondas.
A rede é um objeto tão antigo e tão bem trabalhado que não temos a real noção de quanto ela nos faz bem.
Costumo dizer que se eu viajar e não tiver uma rede para que eu possa deitar, não estarei viajando.
Quem já teve oportunidade de ver como que se faz uma rede, percebe a o capricho das mãos das mulheres que trabalham com as máquinas de tear. Nas grandes capitais isto não é visto, pelo menos eu não conheço. Mas quando você tiver oportunidade, perceba. São vários ganchos muito bem entrelaçados que dão firmeza à quela linha e transformam na nossa gloriosa rede.
As máquinas de tear, além das redes, produzem aquelas peças de renda que qualquer mulher fica alucinada para comprar quando chega no Ceará.
Mas a rede lhe permite relaxar, ficar por alguns instantes no mundo da lua, ou melhor, olhando para a lua, para as estrelas, pensando na vida.... fugindo da agitação do cotidiano, e pensando que mesmo na cidade grande podemos alguns minutos que só a natureza pode dar.