Ali estava ele, grisalho, procurando rir como antigamente, trazendo-me as notícias que eu desconhecia, usando aquela linguagem gostosa que nós utilizávamos nas nossas conversas varando as noites na velha rua do Imperador:
- O Adriano, você sabe, mora em Recife. Morreu o Itamar, càncer. O João, meu irmão, anda por aí, não estudou...O Paulo está na miséria, vivendo com a mãe, nem os filhos têm o cuidado de visitar o coitado.
- E, por aí desfilou um rol de coisas e acontecências da nossa rua de sonhos e saudades, uma rua que o asfalto desfigurou e o progresso tornou tão desgraciosa.
E eu escutando tudo, no meio dos processos que aguardavam meus votos, voltando no tempo, embalado nos velhos pensamentos, sabendo que o que foi vivido representa o passado, não volta nunca mais, a não ser em momentos esparsos e fugazes assim, quando a gente abraça um velho e querido amigo de infància.