Ele acordou de bom humor, parece. Saiu pisando nas nuvens, descendo as escadas como se fossem invisíveis, só ele percebendo quais degraus eram para ser pisados. Alcançou a rua com a cabeça erguida, sem olharpara os lados.
Eu nunca tinha feito nenhum carinho nele, no entanto, ele olhava para trás, que o seguia, como para se certificar que eu estava ali. Eu tinha medo de que ele atravessasse a rua de repente. Se isto acontecesse...
Quem é ele? O cachorro que a vizinha me confiou por um fim de semana, enquanto ela viajou a trabalho. Cachorrão bonito e obediente. Mas eu, sem prática com cães de raça, mais temia do que comandava. Sair com ele de manhã é o que estava fazendo quando me ocorreu escrever esta croniquinha.
O cachorro se chama ... não é que esqueci o nome do bicho? Mas nem preciso lembrar: sei dos sons essenciais - bater a cumbuca de comida no chão duas vezes, ele vem comer; trocar a água, ele vem beber; pegar na coleira, ele se apressa a nela enfiar a cabeçorra, balançando o rabo e pronto para a escada descer. Por dois dias, missão cumprida. E comprida.