Não quero morrer e ir pro céu, lá deve ser chato e tedioso, deve ser muito branco e calmo. Fora que deve ser cheio de flores e todos sorrindo, e talvez, acredito que colocam a mão no seu ombro quando falam com você para demonstrar fraternidade.
Todos devem ser bons e não falar alto, até vejo anjos com arpas nas mãos tocando musicas chatas de arpas, todos com luz sobre a cabeça mostrando o pouco ou arrependido pecado cometido na Terra, e claro, todos devem usar roupas caretas e sem cor nenhuma.
Imagina se deve ter bar no paraíso?! Que nada, no máximo deve ter aquelas praças chatas que se vê na Itália, sei lá, com chafarizes e bancos confortáveis para se sentar e ler o jornal "Diário das Nuvens" ou "Diário de São Pedro" onde não se tem à parte policial com mortes nas vielas nem a parte económica alarmando a alta do dólar em 0,33 %, sei lá, não terá a programação do cinema porque, acredito que no céu, a censura vetará todos os filmes classificando em violentos, eróticos ou desviador de personalidade.
O que se tem de tão interessante para se fazer no céu que todos querem ir para lá de qualquer jeito e desesperadamente? Deve ser muito difícil andar sobre as nuvens, acredito que deve ser tão árduo e complicado aos tornozelos (pobres articulações, ainda mais meu tornozelo direito que já não anda bem) como andar nas areias da praia do Francês em Alagoas, talvez até pior.
Imagina a chatice que deve ser a ida para o paraíso. Depois da morte uma luz vem do céu e te leva entre anjos lentamente e rodopiando, mas cuidado, se tiver tontura ou medo de altura a coisa complica e pode ficar pelo caminho, dificultando ainda mais o acesso ao grande portão de ferro. Mas para que portão se você pode dar a volta e entrar ou sair do mesmo jeito? Bom, não vamos entrar nos detalhes logísticos da coisa em si.
Resumindo, acredito que deve ser chato demais o paraíso, todos muito felizes, todos muito alegres, todos contentes e amigos, sóbrios e chatos, sem ter que liberar uma gota sequer de suor para fazer alguma coisa, todos muito perfeitos pro meu gosto, e cá pra nós, perfeição é chata demais...