"Todos se divertiam no terraço
sem notar que no céu a lua
- em cada passo que dava -
brilhava mais ainda.
Inutilmente brilhava no firmamento
a Rainha da Noite que ficou até nua.
Seu súditos não a admiravam
enquanto ela se tornava mais linda.
A música alta não deixava ouvir
os lamentos de quem se tornou cheia...
cheia de mágoa e tristeza.
Por que não reparavam os plebeus
na mais bela criação de Deus,
na que tem maior nobreza ?
Era tanta a dor, que ela rolava
sem anestesia, cheia de poesia,
enquanto eles se embriagavam
na mais pura hipocrisia.
Entre tantas fofocas de uma festa
ninguém se interessa pela sublimação.
Cumpria sua missão a lua
num desperdício de flutuação.
Mas ela alegrou-se ao ver
que, enquanto iluminava tanta gente,
era banhada pelos olhos úmidos de acalanto
de um poeta que estava indiferente
num canto daquela festa
mas não naquele local...
e sim no mundo-da-lua."