Senta-se à mesa, cheio de si, bebe de um gole a cerveja a base de Benflogin (até arrepia), vez recorre à língua inglesa: _Sabe como é, morei na terra da rainha!!! E ri sorriso idiota cheio de dentes de marfim, aquele sorriso quadrado que não tem fim, hipócrita, dissimulado, boca torta, quase de lado.
Fala alto coisas sem importància, 600 reais gasta para calçar o pé, camisa da Hard Rock Café from Tailàndia, religião??? Diz-se ser um cara de fé, viajou pelo Tibet e fez amigos à distància sempre pelo frio Internet café. E claro, passou pelo Europa, diz que leu desde Camões até Garcia Lorca, visitou desde Amsterdã até Lisboa, mas diz que Portugal não tem mulheres boas, que Madri no inverno só garoa e que o bom mesmo são as putas de Barcelona.
Acha que está fazendo sucesso com as gatas, contando desde viagens até piadas sem graça, e fala, fala que nem matraca, e as gatas fingem que escutam, mas não escutam nada, até a voz do cara é chata, só usa roupa de marca e sonha ser capa estampada da revista Caras, porque seus ídolos, desde atores a Big Brothers (mas só os vencedores) já foram capa.
E mete-se a discutir arte, poesia e política, e a porra do chão estremece quando diz que Bush é a saída, arte mesmo é só imitação da vida e poesia é somente pra conquistar vadias. Vangloria-se por ter usado maconha, ecstasy e cocaína nos últimos cinco dias, regado a cerveja, vodka e pinga e ainda reclama que ressaca é que irrita - porra, o cara não vê um palmo na frente da narina - que irrita na verdade é essa sua voz fina de margarida contando histórias ridículas de sua vida maldita.
E arruma briga porque lhe chamaram de "véio", e não admite, tem orgulho de seu nome principalmente impresso no cartão de crédito, no talão de cheques e no coração da Ivete (uma puta "loca" com cara imberbe), e depois dissimula porque a discussão ficou maior que sua condição e abraça seu rival (agora amigo) com cara de puta com salão vazio, e sorri sem graça dizendo que não passou de um mal entendido, logo toma cachaça com mais alguns comprimidos, e novamente, vangloria-se disso por encher de merda seu cérebro vazio.
Mesada de quatro dígitos, mas mesmo assim em casa xinga mãe, pai e a porra do sobrinho de três anos recém cumpridos. Ri da TV quando mostra a guerra, tira sarro da empregada porque mora na favela, xinga mãe de puta, miserável cadela, elogio é tomar no cú, mas chama de Fofurinha a cadela Pit-Bull, lambe ela, dorme com ela, beija a fuça dela, mas não sabe tratar uma mulher porque tem medo de ele mesmo ser ela (hahahahaha, não duvido), tá sempre na moda, socar magrelo com ensinamentos do jiu-jitsu, duas aulas já basta, enche a cara de cachaça e soca muleque boa praça só pra galera dizer: _Nossa, é uma máquina!!! O que eu digo: _Não passa de um filho da puta babaca!!!
Você acredita, ainda está na mesa contando causo, te juro por tudo que é mais sagrado que existe nesse mundo, só baboseira, só absurdo, asneira simplesmente tudo, e todos ali, fingindo acreditar, eu me encontro literalmente no outro lado do bar, sentado em alguma mesa com amigos, conversando sobre nada que posso atrapalhar o ritmo, e assim ficamos horas nos bar, falando sobre arquitetura, cinema, piada ou bilhar sem perceber que o mundo gira demais no outro lado do bar, mas sem harmonia, prefiro ficar aqui com cervejas, amigos e porque não, dois dedinhos de pinga.