Descobri displicentemente as coisas magníficas que Marcelo Rubens Paiva escreve, aquele mesmo do livro "Feliz Ano Velho", não conhece? Aquele doido que há uns 14 anos atrás pulou de uma cachoeira de ponta e se quebrou todo, ficando até hoje numa cadeira de rodas, e se perguntado se voltaria no tempo ele diz que não, porque está bem assim, que ele é diferente e tal.
Andei lendo o livro "As Fêmeas" escrito pelo mesmo maluco da cachoeira e me deparei com Cronicas hilárias, mas no tom certo sabe! Que linhas precisas, que facilidade, pelo menos parece, um tema melhor que o outro, sem vaidade, preconceito, livre dessas bobagens mundanas e ridículas que nos aprisionam algumas vezes pelos olhares e opiniões alheias. Por algum momento quis ser ele, quis ter essa capacidade de escrever de forma tão leve que se lê 10 Cronicas parecendo muito menos, esquece-se de tudo, rindo a maioria das vezes sem perceber também.
Marcelo Rubens Paiva cria imagens com as palavras com uma maestria e coragem de um típico jovem escritor petulante, mas nunca mal-educado, mesmo quando se tratando de temas perigosos. Seus pontos de vistas são originais e simples. Disso que é feito o gênio numa pessoa, perceber o simples quando todos não percebem, e quando as pessoas lêem sobre o simples sem haver percebido antes imagina-se que o escritor é um gênio por perceber isso tão claramente, e é disso que estou falando em Marcelo Rubens Paiva.
Mesmo sendo meio ácido as vezes (é necessário) o escritor citado consegue que o texto não seja pesado, buscando mais a graça no ponto exato que a reclamação desmedida, mas mesmo as partes hilárias tem-se por trás, meio escondido um ponto debochado, meio cínico, tudo dosado com precisão milimétrica.
Não sei se seus livros vendem bem, se ele tem outras profissões além do de escritor (a maioria é jornalista), se passa fome, se é rico, se é um burguês filho da puta ou um paupérrimo maldito, mas fico feliz em saber que existe, para qualquer hora que eu quiser, em qualquer livraria livros magníficos desse cara chamado Marcelo Rubens Paiva, que me identifico não sei porque, sei lá, acredito que ele tenha chegado onde eu queira chegar, mas não tenho inveja, talvez admiração pela maestria com as palavras que na maioria das vezes são revoltas e foge as mãos.
Mas é isso aí Marcelo, fica aí, que eu fico aqui, um dia, espero uma crónica sua me elogiando ou me criticando, só espero um dia poder tirar de suas mãos precisas palavras escritas sobre esse escritor que ainda somente sonha com algo, então, desde já, está feita a base para eu subir até aí, feito de sonho, mas feito de alguma coisa.
Não morra antes porra, não morra!