ATIRANDO NO ESCURO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
A questão do desarmamento parece que deu um tempo: está com o gatilho desativado. Falta dinheiro para o ressarcimento dos cidadãos que se dispuserem a entregar as armas que possuem. Tudo isso, como parte da decisão governamental de tentar acabar - e/ou diminuir - a violência e os acidentes provocados por armas de fogo; além da constatação de que tais armamentos acabam, quase sempre, nas mãos de criminosos, por conta da absoluta falta de preparo e habilidade de seus donos no tocante ao seu correto manuseio.
A propósito, é por demais conhecida a metáfora, segundo a qual o voto é a principal arma do eleitor. Assim sendo, nada mais justo do que sugerir ao governo que o inclua entre o rol de armas que estão sendo objeto de recolhimento.
E isto porque, no meu entendimento, o voto é tão ou mais perigoso do que um simples revólver, seja qual for o seu calibre; e, principalmente, em relação à s garruchas enferrujadas e as espingardas utilizadas para espantar ladrões de galinha, e/ou gatos e ratos que invadem chácaras., sítios e fazendas, em busca de comida para atender à s suas necessidades básicas de sobrevivência.
Basta lembrar, que o número de mortes, ou, quando menos, de mutilações e sequelas diversas, ocasionadas pela inabilitação ou má utilização do voto, supera, em muito, as vítimas de armas de fogo ; mesmo incluso, naquele universo, as metralhadoras e as granadas de última geração, em mãos de bandidos de toda ordem, e que fazem parte do arsenal do crime organizado.
Ademais, o voto constitui-se arma de extremo perigo para seus usuários, quando disparado com negligência, indiferença ou desinformação, justamente porque de difícil combate a curto prazo.
Uma vez disparado o voto, e errado o alvo, qualquer acidente grave só poderá ter chances razoáveis de reparação do erro, após decorridos, no mínimo, quatro anos, para deputados, prefeitos e vereadores, cinco anos para o presidente da República , e oito anos para os senadores.
Finalmente, é bom lembrar, em relação aos perigos ocasionados pelo voto, que o raio de sua abrangência não se limita, tão-somente, Ã violência de assaltos e roubos seguidos de morte; vai mais além: pode causar o desemprego, o aumento do custo-de-vida, da inflação, dos juros, dos impostos, dos remédios, das mensalidades escolares, da cesta básica, das doenças ... e, sobretudo, pode ferir de morte a esperança por dias melhores e a auto-estima dos brasileiros.
Se não tivermos a certeza de que valerá Ã pena acertar no alvo escolhido, melhor é abrir mão do voto; deixá-lo guardado no porão de sua casa, evitando o mal maior: o perigo da bala perdida, que poderá atingir, inclusive, e por longo tempo, seus amigos e familiares.